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Vitrine do Conhecimento Domingo, 27 de Dezembro de 2020, 06:00 - A | A

Domingo, 27 de Dezembro de 2020, 06h:00 - A | A

VINHO DA TRANSFORMAÇÃO

Uso ritualístico do chá Ayahuasca

* CRIS ÁVILA

Você com certeza ama as plantas, os animais e a natureza! Provavelmente você já tenha ouvido falar no Santo Daime, a mais antiga religião ayahuasqueira brasileira.

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Para iniciarmos é necessário conhecer a sua origem no Brasil. E para isso, eu preciso contar a história de um homem negro, que viveu na Amazônia, e que fez a diferença na história da Ayahuasca. Trata-se de Raimundo Irineu Serra, fundador do Santo Daime. Hoje o movimento fundado por Irineu Serra está presente em pelo menos 43 países de todos os continentes habitados. De Montevideu até Berlim, passando por Nova York e Jerusalém e chegando até o Japão. É um dos movimentos religiosos brasileiros mais internacionais. E tem cumprido um papel importante na regulamentação e legalização da ayahuasca no mundo todo (Assis e Labate, 2014).

Em Mato Grosso, a Sociedade Espiritual Divina Ayahuasca São Francisco de Assis - S.E.D.A. é uma instituição religiosa que faz o uso ritualístico do chá Ayahuasca. A S.E.D.A. foi fundada e é dirigida pelo mestre Rubens Jesus Costa Neto e está sediada na cidade de Várzea Grande/MT. Os trabalhos espirituais desenvolvidos seguem o legado deixado pelo mestre Francisco Souza de Almeida (15/04/1944 - 21/12/1999), fundador do Centro de Cultura Cósmica.

Apresentar um pouco desta história, como forma de desenvolvimento transpessoal e autoconhecimento, é meu objetivo nas linhas que seguem.

 

O jovem neto de pessoas escravizadas vai para a Amazônia

 

Mestre Irineu em frente à sua casa em Rio Branco.
Fonte: Centro de Memória ICEFLU

 

Raimundo Irineu Serra nasceu em São Vicente Férrer, uma pequena cidade do Maranhão, o Estado mais pobre do Brasil, em 1890, apenas dois anos após a abolição da escravidão (Moreira e MacRae, 2011). Neto de pessoas negras escravizadas, ele jamais teve a chance de frequentar a escola, e viveu uma infância muito humilde.

Nesta situação de pobreza e desigualdade, nenhum de seus amigos de infância poderia imaginar que Irineu Serra conseguiria superar as dificuldades e o racismo estrutural impostos sobre sua condição existencial. Mas ele conseguiu.

Até chegar lá, entretanto, muitos foram os desafios, os sofrimentos e as lutas vividas por ele. Boa parte dos quais, aliás, são análogos aos sofrimentos vividos por tantos outros homens e mulheres negras em território latino americano por conta de sua condição existencial.

Em busca de melhores condições de vida, Irineu saiu do Maranhão e cruzou o país em direção à Amazônia, para o território que hoje conhecemos como Acre.  Chegou lá em 1912, motivado pela promessa do governo de que os trabalhadores da borracha teriam uma vida próspera na floresta.

Essa promessa era uma mentira, claro. O sistema produtivo do seringal era baseado na exploração impiedosa dos trabalhadores, que usualmente viviam em condições paupérrimas. Para piorar, devido à biopirataria de sementes de seringueira, o Brasil perdeu o monopólio da produção de borracha para o sistema da plantation das colônias britânicas na Malásia, o que ocasionou um colapso socioeconômico na região (Moreira e MacRae, 2011).

Com isso, milhares de imigrantes, que assim como Irineu Serra sonhavam em ter uma vida melhor na Amazônia, ficaram totalmente abandonados. E foi nesse contexto que Irineu, quase sem esperanças, procurou a ayahuasca.

 

De uma mulher para um homem negro: a iniciação com a ayahuasca

 

Mestre Irineu com seu cajado.
Fonte: Centro de Memória ICEFLU.

 

Segundo relatos de seus seguidores, mestre Irineu foi iniciado nos mistérios da ayahuasca provavelmente no território do Peru, através de xamãs indígenas (Moreira e MacRae, 2011). Ao ingerir a enigmática poção, Irineu passou então a ter revelações espirituais que transformaram sua vida e sua compreensão da bebida ao longo do tempo.

De acordo com a mitologia daimista, em uma noite clara e bonita, Irineu tomou ayahuasca, e ao olhar para a lua avistou uma senhora formosa e bela. Essa senhora lhe perguntou: “Quem você acha que eu sou?”.  Admirado, Irineu fitou-a e respondeu: “A Senhora, para mim, é uma Deusa Universal!” (Moreira e MacRae, 2011).

Esta entidade feminina foi depois identificada como a Rainha da Floresta, e compreendida também como uma manifestação da Virgem da Conceição.

Ela então orientou seu discípulo a passar por uma série de dietas e provações, após as quais ela lhe concedeu o direito a fazer um pedido. O pedido do jovem Raimundo teria sido então o de se tornar um grande curador para ajudar outras pessoas, e que ela colocasse tudo o que pudesse curar dentro daquela bebida.

Esse pedido lhe foi então concedido. A partir daí, Irineu Serra começa a se tornar mestre Irineu.

 

Santo Daime: um mosaico cultural

Mestre Irineu e seus companheiros.
Fonte: Centro de Memória ICEFLU.

 

A partir desse encontro entre uma divindade feminina, um homem negro e uma bebida mágica ancestral de origem indígena, a ayahuasca é rebatizada com o nome de Daime. Que é um rogativo, originado do verbo “dar”: “Dai-me força! Dai-me amor!”, pedem os daimistas em suas cerimônias. Para conseguir navegar nos ramos das misteriosas dimensões da ayahuasca, é necessário adotar uma posição de humildade perante seu poder, e pedir: Daime!

Mestre Irineu passa então a combinar o consumo ritual da ayahuasca com elementos de outras tradições espiritualistas, incluindo o catolicismo popular brasileiro, a espiritualidade indígena, o esoterismo europeu e as religiosidades afro-brasileiras, dando origem, nos anos de 1930, a uma filosofia original, conhecida hoje como Santo Daime. 

Desde seu início, portanto, o Santo Daime teve como características o sincretismo e o intercâmbio junto a outras práticas, se constituindo como um mosaico cultural. Isso permitiu ao grupo se adaptar ao contexto complexo e beligerante da época, e ser moldado a diferentes concepções de mundo.

Essa chave de leitura, que mostra mestre Irineu como um xamã que construiu pontes entre mundos distintos, nos dá uma dica para compreender a presença de elementos cristãos no Daime. Algumas pessoas, especialmente o público branco de classe média do hemisfério Norte, têm resistência a essa interface com o cristianismo.

Dizem que mestre Irineu cristianizou a ayahuasca. O que eles não dizem é que ele também “caboclizou” o cristianismo, ressignificando-o para o povo pobre do seringal (Rodrigues, 2019). Um cristianismo caboclo, que resgata a auto-estima dos trabalhadores da borracha. Um cristianismo descolonial.

Tome por base o próprio mito de origem do grupo. É a Virgem da Conceição que revela a Irineu Serra sua missão espiritual. Mas ela também é a Rainha da Floresta. Também é uma “deusa universal”. Assim como a ayahuasca é uma mistura simbiótica de duas plantas que produzem uma bebida única, a filosofia de mestre Irineu é uma mistura antropofágica de diversas culturas que produz uma identidade autêntica.

 

Uma experiência musical

 

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O Santo Daime pode ser descrita como uma “religião musical”. Isso porque, após estabelecer contato com a Rainha da Floresta, esta teria dito a Irineu que gostaria de ser louvada de forma alegre, através de cantos.

Irineu respondeu que não sabia cantar, ao que ela lhe ordenou que abrisse a boca, pois ela iria lhe ensinar. Naquele momento, Irineu teria sido inspirado a cantar “Lua Branca”, o primeiro hino do Santo Daime.

Desde então os textos sagrados dessa religião estão inscritos em hinos musicados, “recebidos” por daimistas do mundo inteiro. Um grupo de 132 desses hinos compõe o hinário de Mestre Irineu, conhecido como O Cruzeiro, base fundamental da prática religiosa do grupo. Organizados cronologicamente, essas canções são consideradas pelos daimistas como mensagens divinas, espiritualmente inspiradas.

É virtualmente impossível compreender o Santo Daime sem olhar para seu aspecto musical. A música não só faz parte, como cria o universo encantado da “doutrina”. As paisagens sonoras das cerimônias são capazes de levar e trazer as pessoas de suas jornadas visionárias, e são uma ilustração potente da simbiose entre psicodélicos, cultura, espiritualidade e corpo (Assis, Labate e Cavnar, 2017).

Nas cerimônias do Santo Daime, a música é tão importante que as pessoas não só escutam hinos, mas também cantam e bailam por até 12h, dependendo da cerimônia (Sim, o daimista é um dançarino por natureza!). Um trabalho do Santo Daime é, essencialmente, uma experiência musical.

 

Da prisão até o Japão

 

Mestre Irineu com os jovens Alfredo e Valdete, filhos de Sebastião Mota de Melo e futuras lideranças daimistas.
Fonte: Centro de Memória ICEFLU.

 

Sendo um homem negro que ousava cultivar uma espiritualidade contra hegemônica, Mestre Irineu sofreu perseguições e carregou um forte estigma social por um longo tempo.

Em seus primeiros tempos na Amazônia, foi alvo das ações que a polícia realizava contra a “feitiçaria”. Chegou inclusive a ser baleado por policiais. Isso motivou sua mudança do interior para a capital do estado, Rio Branco. Mas não pense que as coisas melhoraram a partir daí.

Irineu Serra, que além de tudo também se destacava em meio às pessoas pela sua altura – tinha cerca de 2 metros – foi acusado de curandeirismo e charlatanismo no novo local, e chegou até mesmo a ir para a prisão em 1942, após cerco a sua casa feito por cerca de quarenta oficiais (Moreira e MacRae, 2011).  Tal fato motivou o Mestre a se mudar novamente, desta vez em definitivo.

Tanta perseguição levou Irineu a desenvolver habilidades diplomáticas especiais, que o tornaram capaz de transitar entre diferentes círculos sociais. Estabeleceu alianças com políticos importantes, ao mesmo tempo em que resgatava pessoas que viviam em condições análogas à escravidão nos seringais. 

Essa diplomacia cosmopolítica de Mestre Irineu, que considerava também as plantas, os animais e a natureza, foi capaz de consolidar seu grupo religioso, que cresceu até contar algumas centenas de pessoas, e tornar Irineu um cidadão regionalmente respeitado.

Essa consolidação foi a base para catapultar, décadas depois, a diáspora nacional e internacional do Santo Daime, empreendida especialmente por dois de seus seguidores, Padrinho Sebastião Mota de Melo e seu filho, Padrinho Alfredo Gregório de Melo.

Hoje o movimento fundado por Irineu Serra está presente em pelo menos 43 países de todos os continentes habitados. De Montevideu até Berlim, passando por Nova York e Jerusalém e chegando até o Japão. É um dos movimentos religiosos brasileiros mais internacionais. E tem cumprido um papel importante na regulamentação e legalização da ayahuasca no mundo todo (Assis e Labate, 2014).

Isso não quer dizer que as coisas se tornaram fáceis para os daimistas. Ao contrário. Perseguições continuam. Agora globalmente. Nas últimas 3 décadas, daimistas foram presos e dezenas de litros de Daime foram apreendidos em diferentes lugares do mundo. Mas os seguidores de Irineu Serra são resilientes. Eles tem a quem puxar!

 

A antropomorfização da ayahuasca: Irineu torna-se Juramidam

 

Casamento de Mestre Irineu e Peregrina Gomes.
Fonte: Centro de Memória ICEFLU.

 

Em 06 de julho de 1971, ocorre o falecimento do Mestre Raimundo Irineu Serra. Seus seguidores acreditam que seu falecimento simboliza o cumprimento de sua missão na Terra. A partir daí sua doutrina está pronta. Ele passa então a ser reconhecido pelos daimistas como Juramidam, seu nome espiritual. “Mestre Império Juramidam”.

A ayahuasca, entendida pelos daimistas também como um “ser divino, transformado em líquido” (Silva, n.d.) passa a ser sinônimo do próprio Mestre Irineu. A bebida se transforma em gente. E Irineu Serra se transforma em planta. Daime e Irineu se fundem em um só. Como ele disse, certa vez: “Eu sou o Daime e o Daime sou eu”.

Hoje, o túmulo de Mestre Irineu é um local de peregrinação internacional, e um importante ponto turístico da cidade de Rio Branco, e a fórmula da ayahuasca desenvolvida por Irineu se consagrou não só no Santo Daime mas em diversos outros grupos, como um método de preparação seguro e uma ayahuasca muito especial.

Sua comunidade original continua funcionando no mesmo lugar, liderada pela viúva de Irineu Serra, Madrinha Peregrina Gomes Serra, que atualmente tem 83 anos e continua participando ativamente da vida religiosa.

 

Santo Daime: contracultura descolonial brasileira

 

Mestre Raimundo Irineu Serra.
Fonte: Centro de Memória ICEFLU.

 

Hoje a ayahuasca está se tornando mainstream. E, juntamente com a valorização de saberes tradicionais, esse movimento também mercantiliza a bebida e desencanta suas práticas. Alguns saberes da ayahuasca vivem um processo de embranquecimento e seus personagens são apagados da história. Resgatar figuras históricas do Sul global, lugar nativo da bebida, é uma forma importante de contrabalançar essa situação.

Mestre Irineu é um personagem fascinante da história da ayahuasca. Sua vida nos ensina que a discussão sobre esta “bebida que tem poder inacreditável” (O Cruzeiro, n.d.) não é somente sobre psicodélicos. É também sobre diversidade. Meio ambiente. Cultura.  Sobre superação de preconceitos e estigmas sociais. Sobre uma conduta de vida descolonial e contra hegemônica.

A trajetória de Raimundo Irineu Serra nos lembra mais uma vez que vidas negras importam em todos os espaços, incluindo aí onde quer que a ayahuasca seja encontrada e consagrada.

Que esse singelo testemunho possa contribuir para manter viva a memória desse grande homem negro brasileiro. Conforme ele mesmo nos diz:

“Aqui findei

Faço a minha narração

Para sempre se lembrarem 

Do velho Juramidam” (Serra, n.d.) 

 

Ayahuasca

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A Ayahuasca é uma bebida preparada a partir de duas plantas originadas da floresta amazônica, o cipó Mariri (Banisteriopsis caapi), também conhecido como Jagube, e o arbusto Chacrona (Psychotria viridis), também conhecido como Rainha. A palavra Ayahuasca é de origem quíchua e significa "cipó dos espíritos", ou "cipó da alma". É uma referência ao cipó utilizado na confecção da bebida, onde Aya significa espírito ou alma e Huasca significa cipó ou liana. Também é chamada de daime, vegetal, hoasca, yagé, entre outros nomes.

A bebida ou chá Ayahuasca vem sendo utilizada desde tempos ancestrais. Há o registro histórico de sua utilização por civilizações pré-colombianas como a civilização Inca. Na atualidade, o chá Ayahuasca é utilizado pelas populações indígenas amazônicas em práticas religiosas, para o contato com o mundo espiritual e para cura de diversos males. Há o registro do seu uso por pelo menos 72 etnias indígenas na Amazônia, em países como Brasil, Peru, Equador, Colômbia e Bolívia.

O uso ritual do chá Ayahuasca foi difundido entre os curandeiros nas populações tradicionais da região amazônica, como os seringueiros e os ribeirinhos. No Brasil sua utilização foi adotada por doutrinas religiosas como o Alto Santo, o Santo Daime, a Barquinha e a União do Vegetal.

O chá Ayahuasca é classificado por pesquisadores como um enteógeno, ou seja, uma bebida capaz de “gerar uma experiência divina”. Essa propriedade torna o uso religioso da bebida um veículo para ascensão da consciência e contato com o sagrado. Assim, representa uma experiência de autoconhecimento e evolução espiritual.

Atualmente a bebida vem atraindo o interesse de cientistas e acadêmicos em busca do potencial uso terapêutico e clínico no tratamento de várias doenças e enfermidades, principalmente relacionadas à dependência química, depressão e estresse pós-traumático.

No Brasil o uso do chá Ayahuasca é regulamentado pela Resolução nº 01, de 25 de janeiro de 2010, do CONAD, do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, que normatiza os procedimentos para o uso religioso da Ayahuasca.

Resolução CONAD nº 01/2010

 

SEDA: Sociedade espiritual Divina Ayahuasca São Francisco de Assis

A Sociedade Espiritual Divina Ayahuasca São Francisco de Assis - S.E.D.A. é uma instituição religiosa que faz o uso ritual do chá Ayahuasca. A S.E.D.A. Foi fundada e é dirigida pelo mestre Rubens Jesus Costa Neto e está sediada na cidade de Várzea Grande/MT.

Os trabalhos espirituais desenvolvidos seguem o legado deixado pelo mestre Francisco Souza de Almeida (15/04/1944 - 21/12/1999), fundador do Centro de Cultura Cósmica.

Durante o período que viveu em Cuiabá-MT, mestre Francisco teve a oportunidade de reunir discípulos e progredir em seu trabalho espiritual. Em 1991, mestre Rubens Jesus Costa Neto conheceu o chá Ayahuasca com o mestre Francisco e filiou-se ao Centro de Cultura Cósmica, tendo recebido do mestre Francisco a estrela do grau de mestre.

Após a passagem do mestre Francisco para o plano espiritual, em 1999, mestre Rubens prosseguiu desenvolvendo os trabalhos com o chá Ayahuasca e posteriormente iniciou a missão de instituir e expandir a S.E.D.A., tendo como guia e inspiração o exemplo e os ensinos de São Francisco de Assis.

 

 

Com trabalhos iniciados em 2002, a S.E.D.A. foi fundada oficialmente no ano de 2007 em Várzea Grande-MT. Nos rituais são realizados trabalhos de concentração, com chamadas, músicas, ensinamentos e também trabalhos de hinários, com execução de hinos e bailado. A partir de 2013, mestre Rubens vem recebendo e formando o hinário Flor de Lis.

 

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A SEDA possui um sitio, no município de Santo Antônio, localidade de Agrovila das Palmeiras, onde tem plantado o cipó Mariri (Banisteriopsis caapi), também conhecido como Jagube, e o arbusto Chacrona (Psychotria viridis), também conhecido como Rainha.

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O sítio ainda em construção já possui vários cipós adultos, e o objetivo é que sejam plantados 4000 pés de cipó.

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Hoje em franca expansão, com extensão para outros estados como: São Paulo-SP, onde já se tem um núcleo em funcionamento, e em Florianópolis-SC, sob a direção do mestre Rubens.

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Trabalho de São João, SEDA/SP, Núcleo Flor de Lis

 

Para entrar em contato com o grupo (S.E.D.A): http://seda.org.br/

 

Mestre Francisco Souza de Almeida

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Nascido no Estado do Ceará, mestre Francisco viveu no Estado do Acre. Segundo seus discípulos, conviveu durante onze anos no ambiente daimista, tendo tomado daime com o mestre Raimundo Irineu Serra (fundador do Santo Daime), o Padrinho Sebastião Mota de Melo (fundador da vertente daimista do Cefluris) e o mestre Antonio Geraldo (líder de um dos grupos da Barquinha), e acompanhou o mestre Gabriel, fundador da União do Vegetal, tendo sido filiado neste centro.

Além de frequentar os rituais do Santo Daime e da Barquinha (embora nunca tenha se fardado em nenhum dos dois grupos), mestre Francisco, durante um período de cerca de três anos, se filiou ao centro de mestre Augusto Jerônimo da Silva (conhecido por alguns como Augusto Queixada), uma vertente seguidora do mestre José Gabriel da Costa (fundador da União do Vegetal), a qual se separou do Centro Espírita Beneficente União do Vegetal (ou UDV) após a morte de mestre Gabriel. Ainda de acordo com relatos, mestre Francisco foi mestre Representante no grupo de mestre Augusto Jerônimo da Silva, tendo ocupado o cargo de mestre Representante de um grupo em Rio Branco (AC).

Mestre Francisco mudou-se com a família para o Estado do Mato Grosso no final da década de 1980. Em 1990 fundou na cidade de Cuiabá-MT, o Centro de Cultura Cósmica Suprema Luz Paz e Amor. Mais tarde, em 1996, transferiu a sede do Centro para Brasília-DF. A linha ritualística desenvolvida pelo Mestre Francisco é chamada linha da unificação, pois representa a união dos fundamentos da doutrina do Daime e da União do Vegetal, além de elementos de outras religiões e filosofias espirituais, como o espiritismo, esoterismo, entre outras.

O legado espiritual de mestre Francisco sintetiza um pouco de sua trajetória. Sua escola espiritual é denominada por seus discípulos de “trabalho de Unificação” (da linha do Santo Daime com a União do Vegetal).

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O Centro de Cultura Cósmica Suprema Luz Paz e Amor é um centro ayahuasqueiro peculiar no Brasil. Fundado em 20 de maio de 1990, por Mestre Francisco Souza de Almeida (15.04.1944 –21.12.1999), em Cuiabá (MT), transferiu-se em 1996 para Gama (D.F.), onde se localiza hoje sua Sede Geral. Recentemente, passei um dia lá em companhia da agradabilíssima família do falecido fundador, que segue a missão de dirigir o centro.

Atualmente o Centro de Cultura Cósmica é dirigido por Alyson Rodrigues de Almeida, 27 anos, filho do Mestre Francisco e atual Mestre Geral Representante do Centro.

  

Mestre Rubens Jesus Costa Neto

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Mestre Rubens, nascido em Cuiabá/MT iniciou com o mestre Francisco em 1991, no centro de Cultura cósmica "Suprema Luz, Paz e Amor", localizado na época no bairro Planalto em Cuiabá/MT. Mais tarde, em 1996, mestre Francisco, transferiu a sede do Centro para Brasília/DF.

Após sua "passagem", mestre Rubens começou a realizar alguns trabalhos em Várzea Grande/MT. Até que com a cheganda dos irmãos e com o trabalho consagrado, precisou alinhar melhor e assim recebeu o trabalho da S.E.D.A.

Em 2013, mestre Rubens começou a receber a corrente de "Hinario Flor de Lis". Mestre Rubens tem quase 30 anos de caminhada com a seiva da transformação, também chamada de santo vinho do amor.

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Mensagem de FIM DE ANO (2020)

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Aos meus irmãos e irmãs:

Eis que findamos mais um ciclo sob a proteção do Divino Mestre Jesus e da Virgem Mãe Santíssima!

O caminho tem sido longo, mas seus ensinamentos, com a força do cipó e a luz das folhas sagradas, aliviam nossa caminhada e nos fortalece nessa fé!

Ao Mestre, agradecemos o amparo, em todos os momentos... À Mãe, a nossa eterna devoção pelas curas e orientações no semear dessa doutrina que nos socorre, passo a passo, em nossa estrada evolutiva...

Em nome da Sociedade Espiritual Divina Ayahuasca e de nossa Sagrada bebida, que nos traz a força e a luz para vivermos em equilíbrio e harmonia, venho agradecer a todos os integrantes desta Casa Santa, que os recebeu de braços abertos, pelo comprometimento com os trabalhos, durante esse ano que se encerra.

Aos que não puderam dar a sua contribuição nas atividades, também agradeço, vibrando para que no próximo ano o astral os auxilie nessa jornada e lhes permita manterem-se firmes e empenhados no propósito que os trouxeram até aqui.

Desejo que sigamos amparados e protegidos por essa energia positiva, sempre ouvindo e seguindo os ensinos do nosso Pai, bondoso e fiel, pleno de amor infinito por todos nós e abençoando a nossa missão.

Sigamos, juntos, meus irmãos, unidos, pela ayahuasca, nos preparando para a nova era que se inicia!

Com ela, a Luz do Criador nos conclama à batalha pelo amor universal... Sejamos fiéis a essa missão que o Pai Celestial confiou a nós!

Assim, é com muita gratidão que eu desejo a todos que o brilho do amor divino resplandeça a paz e a serenidade dentro de cada coração, de cada consciência.

Que o Ano Novo renove, em cada um de nós, esse compromisso em favor do Bem e de sermos instrumentos da Luz, da Paz e do Amor do nosso Divino Mestre.

Que Deus continue nos abençoando para que sigamos realizando os nossos trabalhos, ajudando cada vez mais àqueles que procuram a nossa Casa, em busca de cura e de amparo espiritual.

Grande abraço no coração de cada um e que todos tenham um excelente Réveillon.

Mestre Rubens.

Feliz 2021.

 

Relato Pessoal

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A S.E.D.A, fundada há cerca de 20 anos, está sediada em Várzea Grande. O trabalho é liderado pelo mestre Rubens, que recebeu ensinamentos do mestre Francisco e ele, Francisco, recebeu direto do mestre Irineu, com quem conviveu. Mestre Irineu é o líder negro, maranhense, seringueiro no Acre, que desenvolveu a doutrina a partir da Ayahuasca no Brasil. Hoje as duas maiores vertentes da doutrina no país são o Santo Daime e a União do Vegetal. A linha adotada por mestre Rubens tem peculiaridades presentes nas duas vertentes.

Fui muito bem recebida na Igreja e muito bem cuidada.

O que dizer do que vi? Paz, luz, gestos de amor, pessoas prontas para servir.

Me chamou a atenção também, entre os hinários e as mensagens motivacionais que intercalam a bebida do chá, uma direção forte da sessão no sentido de recuperar pessoas envolvidas nas drogas. Mensagem limpa e clara. Acho verdadeiramente que pode ser esse sim um caminho para a recuperação de dependentes químicos. Os métodos tradicionais funcionam muito pouco. Acho que é uma área que cabe um estudo maior.

Sobre minha experiência pessoal, em si, acho que é muito única para revelar aqui. É muito de cada um... Porém posso dizer que tive a visão espiritual e que mesmo sem conhecer o formato do trabalho realizado com o uso da bebida sacramental Ayahuasca, muito me foi revelado. E ao me aprofundar melhor no conhecimento da filosofia e da história da doutrina, percebi que foi muito importante para mim, para o meu autoconhecimento e pricipalmente para minha evolução transpessoal.

A pessoa enxerga, na verdade, coisas que estão dentro dela mesma. Eu vi muita luz, muito amor, senti a presença de Nossa Senhora, de Jesus e dos guias, mas claro há os momentos em que é necessário a limpeza e acho que são esses os momentos mais difíceis, porém necessários. Nestes momentos eu fui acolhida e amparada com carinho e respeito.

Fui em duas sessões, a primeira não fiquei até terminar, mas a segunda completei a minha experiência e consegui acompanhar melhor o hinário. Posso concluir dizendo que realmente o santo vinho do amor é a alquimia da transformação!

Gratidão a todos que me receberam, ao mestre Rubens e a mestra Ero, ao mestre Nuno, ao Jonathan, a Sol e a Taynara que foram minhas cuidadoras.

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*CRIS ÁVILA, é holomentora na Academia de Autoconhecimento Humi, fisioterapeuta e terapeuta holística no Espaço Vida Terapias Integrativas e apresentadora na Tv Cidade Verde

Referências: via Seda, Chacruna Latinoamérica

 

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