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conversa da semana Segunda-feira, 26 de Agosto de 2019, 08:00 - A | A

Segunda-feira, 26 de Agosto de 2019, 08h:00 - A | A

24 MIL EMPREGOS

Produtores de algodão revolucionam plantio, atraem novos mercados e enfrentam desafios

Produtores travam ainda uma disputa milionária sobre patentes com a Monsanto

Redação/Midia Hoje

 

Ampa

 Alexandre Pedro Schenkel, presidente da AMPA, fala sobre o sucesso do setor e seus desafios

Alexandre Pedro Schenkel é presidente da Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (AMPA). Preside também o Instituto Pensar Agro (IPA). Produtor em Campo Verde há 20 anos, de família tradicionalmente ligada ao campo, Schenkel representa um setor transformado em verdadeira locomotiva financeira. Em pouco mais de 20 anos, os produtores mato-grossenses saíram do zero para hoje responderem por cerca de 70% do algodão produzido no Brasil. São responsáveis ainda por 65% do volume exportado. Sucesso que impressiona e garante o emprego direto de 24 mil pessoas.

Mas, qual o segredo?

“Esse resultado se deu pela dedicação do agricultor em investir em tecnologia e capacitação de sua mão de obra. Também contribuíram o relevo e o clima de Mato Grosso”, diz o presidente da Ampa, Alexandre Schenkel, reconhecendo também que o apoio governamental, através de programas como o Proalmat, ajudaram. “O apoio governamental se fez presente”.

E os produtores estaduais tem, efetivamente, o que comemorar. Representantes de indústrias têxteis de oito países visitaram este mês  alguns plantios em Mato Grosso e os resultados encheram os olhos. “Qualidade, resistência, uniformidade e sustentabilidade (...). Estes foram alguns pontos levantados (...) sobre o algodão mato-grossense durante passagem no estado da Missão Compradores 2019, promovida pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA)”, comemora a Ampa. A missão era composta por representantes da China, Paquistão, Vietnã, Coreia do Sul, Turquia, Índia, Peru e Bangladesh.

E, nesse ritmo, o setor só tem a crescer. De acordo com levantamento feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na safra 2017/2018, o Estado ocupou 66% da área plantada no Brasil e colheu 64% da produção de algodão brasileiro. Os números este ano devem ser ainda mais expressivos, chegando próximo aos 70%.

Para atingir esses índice e abrir espaço no campo para o plantio da soja, os produtores estão colhendo quase 24 horas por dia, inclusive à noite, para terminar rapidamente a colheita. Este avanço dos trabalhos noturnos ocorre para não atrasar o calendário de produção do estado. A colheita precisa terminar em agosto para que seja iniciada a preparação da terra para o cultivo da soja, que começa em setembro.

 

Mas nem tudo são flores no mundo dos produtores de algodão. Eles possuem brigas judiciais com gigantes como a Monsanto pela quebra de patentes de variedades de sementes. O presidente da AMPA, Alexandre Pedro Schenkel, preferiu não responder as perguntas do MIDIA HOJE sobre essa disputa judicial. Recentemente, porém, disse que o produtor é quem mais se beneficia com novas tecnologias que chegam ao campo e tem o maior interesse em pagar por elas. “O que não aceitamos é pagar royalties por inovação banal que não tenha tecnologia suficiente que preencha os requisitos técnicos para concessão da patente”, explicou.

De acordo com a AMPA, desde o início da comercialização da semente B2RF, o cotonicultor mato-grossense já entregou à Monsanto US$ 151 milhões (mais de meio bilhão de reais pelo cambio de hoje) em royalties no cultivo dessa tecnologia. Se o pedido da nulidade for aceito, além de receber os valores já pagos, o cotonicultor vai economizar, nas próximas safras, US$ 240 por hectare, custo pago pelos royalties da B2RF.  

Sobre os governos Mauro Mendes e Jair Bolsonaro, o presidente da Ampa preferiu também não enviar qualquer recado. Existem demandas com setores governamentais que cobram a taxação do agronegócio, argumentando que o setor recebe muito e deixa pouco de retorno em impostos.

Veja as perguntas que o presidente da AMPA preferiu não responder:

*Os produtores também estão em uma briga judicial com a gigante Monsanto... explica o que está em jogo?

*E essa não é a primeira vez que se discute as patentes ... Como resolver isso de vez?

*Qual recado o Sr. deixa para o Presidente Jair Bolsonaro?

*Um recado para o governador Mauro Mendes?  

 

algodão

 

A seguir, as avaliações do Presidente:  

Midia Hoje (MH): Presidente, Mato Grosso em poucos anos se transformou no maior produtor de algodão do Brasil. Como isso foi possível?

Alexandre Schenkel: A produção de algodão em Mato Grosso começou a ganhar força a partir de 1997. Hoje, somos responsáveis por 70% do algodão produzido no Brasil e 65% do volume exportado. Esse resultado se deu pela dedicação do agricultor em investir em tecnologia e capacitação de sua mão de obra. Também contribuíram o relevo e o clima de Mato Grosso, que proporcionaram o desenvolvimento de sistemas de sucessão de culturas como a soja e o algodão. O apoio governamental também se fez presente.  

 

(MH): A questão ambiental hoje é um dos maiores desafios enfrentados pelos produtores? Como o Sr. vê a questão da responsabilidade ambiental hoje?

(Schenkel): O agricultor é o primeiro defensor do meio ambiente. Deste depende o sucesso de sua atividade. Não há como separar produção e preservação.  

 

(MH): O que uma possível confirmação de acordo comercial entre União Europeia  Mercosul influenciaria o setor algodoeiro brasileiro?

(Schenkel): O principal comércio do algodão mato-grossense hoje é com a Ásia.  

 

(MH): Como o Sr. vê um possível acordo comercial também com os Estados Unidos?

Schenkel): Bom para restabelecer a paz entre os grandes mercados mundiais.  

 

(MH): Há um entendimento e/ou reclamação de alguns setores da sociedade de que o agronegócio, de uma forma geral, não dá a contrapartida justa em termos de impostos para Mato Grosso. Como o Sr. Avalia isso?

(Schenkel): Isso é uma inverdade, pois muito o setor do agronegócio contribui. Somente a cadeia do algodão em Mato Grosso gera mais de 24 mil empregos diretos. Aumento de carga tributária traz insegurança nos investimentos, deixam de atrair indústrias e empresas ou até mesmo provocam a saída delas do Estado, como estamos vendo nos últimos anos, e com isso temos menos contratações e até mesmo desemprego.  

 

(MH) A Ampa desenvolve projetos como o “Semeando o Bem “... é uma das apostas para contrapor essas críticas?

(Schenkel): Não. Isso é algo natural da entidade, dos produtores rurais. Nós nos preocupamos em ser responsáveis e nós mesmos procuramos uma responsabilidade para fazermos e distribuirmos tanto para as famílias em nossas propriedades como também para a sociedade ao nosso redor.   O projeto Semeando o Bem do Instituto Algodão Social (IAS) tem o objetivo de incentivar e valorizar ações voluntárias de caráter social, ambiental e cultural, desenvolvidas por produtores associados à AMPA (Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão).  

 

(MH): Qual o futuro do setor algodoeiro no Estado? Vamos continuar sendo produtor de matéria-prima ou podemos caminhar para a industrialização?

(Schenkel): O consumo da indústria têxtil brasileira está estagnado há mais de 10 anos. Diversas são as razões, a principal delas é o baixo crescimento econômico. As fábricas estão ociosas em seus locais de origem e não há segurança jurídica para novos investimentos. Somos eficientes em produzir o algodão. Somos agricultores. Produzimos uma matéria-prima de qualidade e que atende as exigências do mercado nacional e externo. Gostaríamos que tivesse a cadeia têxtil aqui. Porém, isso não depende de nós produtores rurais e sim de empresários do setor, que entendem e conhecem os riscos do negócio industrial.

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