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x da questão Segunda-feira, 14 de Outubro de 2019, 07:00 - A | A

Segunda-feira, 14 de Outubro de 2019, 07h:00 - A | A

CUIABA/CUZCO/LIMA

Cuiabá e Mato Grosso perdem oportunidade de mostrar potencial do turismo local, em viagem ao Peru

Redação/Midia Hoje
Cuiabá

A dificuldade em se "vender" belezas de Mato Grosso como Pantanal, Chapada dos Guimarães e Nobres, chamado pela imprensa nacional de "trio maravilha", é quase inexplicável. Quando se vê o vizinho Mato Grosso do Sul com menos atrações conseguir resultados muito melhores na área de turismo, sempre vem a pergunta: isso acontece por quê?

Pois bem, um exemplo recente talvez explique parte disso. A empresa de ônibus Ormeños, peruana, vai iniciar nesta sexta-feira, dia 18, a rota terrestre Cuiabá/Cuzco/Lima, abrindo uma possibilidade imensa para os mato-grossenses conhecerem a cidade perdida dos incas, Macchu Picchu, e mesma Lima, um dos lugares com a gastronomia mais valorizada hoje no mundo. Mas se os mato-grossenses passam a ter uma opção terrestre para visitar o Peru, o inverso é o mesmo. É uma oportunidade incrível para que Cuiabá e Mato Grosso possam divulgar suas belezas naturais e atraiam a vinda de peruanos, certo? Errado!

As coisas não são fáceis nesta terra de brasilis. A Ormeños colocou a disposição  três passagens gratuitas (ida e volta) para jornalistas irem nessa viagem inaugural até Cuzco/Lima. Seriam dois os convidados, na verdade, porque uma das vagas está reservada a Suzi Miranda, peruana radicada há 29 anos em Cuiabá, guia de turismo, que já vem fazendo esta "ponte" de integração entre os dois países há muitos anos. Em conversas oficiais mantidas entre a direção da  Ormeños e a prefeitura de Cuiabá, definiu-se que as outras duas vagas seriam de jornalistas da prefeitura. Eles levariam material daqui para divugar lá (em Cuzco e Lima), além de registrar o percurso inaugural.

Mas aí é que aparecem os percalços. Suzi, simplesmente, não conseguiu que a prefeitura de Cuiabá enviasse os dois jornalistas para "vender" Cuiabá e, por extensão, Mato Grosso, lá no Peru. A Secretaria de Cultura, Esporte e Turismo da capital diz não poder encaminhar os jornalistas, nem tampouco ajudar a própria Suzi no deslocamento. É bom lembrar que a empresa peruana garantiu as passagens, mas as demais despesas precisariam ser custeadas.  A justificativa da secretaria municipal? Falta de orçamento para pagar as diárias dos jornalistas. No caso de Suzi, não haveria "meios legais" de patrocinar a sua ida. Confusa, a peruana radicada em Mato Grosso foi buscar socorro no governo estadual, mas também não encontrou guarida.

O responsável por esta Coluna esteve em Lima, no ano passado, e pode atestar o enorme interesse dos peruanos no Brasil. Mas constatou, também, um completo desconhecimento deles em muitos destinos turísticos do Brasil. Entre eles, Mato Grosso. Os peruanos já ouviram falar muito sobre o Pantanal, claro, mas não sabem que podem em uma única viagem conhecer o Pantanal, visitar Chapada e ainda ter a disposição águas cristalinas (Bom Jardim) que eles só esperam encontrar em Bonito (MS). Não sabem que essas atrações estão em um raio de 150 quilometros, tendo ao centro uma capital com 300 anos de histórias contadas em ruas, monumentos, danças, comidas, costumes!

Aproveitar uma viagem inaugural desta da Ormeños, portanto, seria uma oportunidade incrível para divulgar Cuiabá, Mato Grosso. E com investimento mínimo. Em eventos inaugurais assim, a imprensa de Cuzco e Lima é sempre convidada a participar e certamente renderia bons posts sobre Cuiabá. 

Em situações como essa dá pra entender o motivo de o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) ter enviado à Câmara Municipa um projeto de reforma administrativa que contemple a criação de uma Secretaria Municipal de Turismo. O Estado poderia fazer o mesmo. E dá pra fazer isso sem aumentar um real de custo, apenas com replanejamento! 

Alguém pode gritar: que nada, se tiver vontade faz com coordenadoria, secretaria-adjunta ou qualquer nome que se dê. Até concordo que criar Secretaria sem dar respaldo algum, dá no mesmo. Mas se realmente existir vontade, uma Secretaria com foco e comprometida com o setor faz toda a diferença! A PROMPERU é um exemplo fantástico. Revolucionou o turismo peruano. Funciona mais como uma agência de turismo do que como um órgão burocrático de governo.

Ralf Buckley, da Universidade Griffith, na Austrália, autor de diversos livros sobre o ecoturismo no mundo, disse recentemente que "o turismo é muito maior do que a indústria madeireira, agrícola ou de mineração em termos de escala econômica e geração de empregos". Buckley calcula que a indústria do turismo e de atividades ao ar livre movimente anualmente 1 trilhão de dólares (ou mais de R$ 4 trilhões) no mundo todo. 

É preciso definir prioridades. E o turismo taí. Passando a galope!

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