Em um estudo publicado no periódico National Science Review, pesquisadores da Universidade Curtin, na Austrália, em parceria com a Peking University, na China, indicaram que o Oceano Pacífico pode desaparecer entre 200 e 300 milhões de anos e dar espaço a um supercontinente: a Amásia.
A pesquisa foi realizada por meio de uma simulação em um supercomputador que modelou como o novo supercontinente pode se formar. Os cientistas previram que o Oceano Pacífico vai se fechar quando a América colidir com a Ásia, dando origem ao novo continente no futuro distante.
“Esse grupo trabalha com modelagem paleogeográfica”, explica Ricardo Trindade, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP. O paleomagnetismo é a ciência que estuda o campo magnético das rochas para avaliar as mudanças do campo magnético terrestre em épocas remotas e estudar a movimentação dos continentes no tempo geológico. “A partir daí, conseguimos reposicionar as placas tectônicas e saber como elas se moveram ao longo do tempo. A importância desse estudo é que ele não só modela a geografia da Terra durante os últimos bilhões de anos como também tenta prever o futuro”, esclarece.
No trabalho, a simulação realizada indicou que as Américas vão se deslocar para o oeste; a Ásia para o leste; a Antártida em direção à América do Sul; e a África se ligará à Ásia de um lado e à Europa do outro, formando a Amásia, ao redor do que hoje é o Polo Norte.
Ricardo Trindade - Foto: Cecília Bastos/USP Imagens
“Esses modelos são cada vez mais calcados em conhecimentos da física da terra. Até um certo momento, eles eram somente cinemáticos. O que vai definir como uma placa vai se movimentar de certa forma ou não é o comportamento físico dessa estrutura interna da terra”, destrincha Ricardo.
Para o professor, a formação da Amásia certamente irá alterar o clima, os ecossistemas e o meio ambiente da Terra. “Vamos poder dizer com mais detalhes como vão se formar novos minerais e novas bacias sedimentares, como isso vai influenciar o clima daqui a milhões de anos. Todas essas descobertas terminam voltando para o passado.” Na opinião do geofísico, o modelo desenvolvido na Austrália é bastante ambicioso e deve abrir caminhos para a melhor compreensão do futuro geológico da Terra.
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