DIVULGAÇÃO/JONATHAN BAILEY/NHGRI
Dados de mais de 3.000 indivíduos foram analisados durante o estudo
O estudo científico mais extenso já realizado sobre a relação entre a microbiota intestinal e depressão conseguiu fortes evidências a respeito do papel das bactérias que habitam nosso intestino no desenvolvimento do transtorno mental.
O artigo, publicado no último dia 6 na revista científica Nature Communications, analisou dados do microbioma fecal de 3.211 indivíduos de diferentes origens étnicas.
Cientistas de três centros de pesquisa na Holanda – Amsterdã UMC, Universidade de Amsterdã e Erasmus MC – concluíram que existe uma relação clara entre a composição das bactérias que habitam o intestino e a depressão.
Mais do que isso. Eles constataram que um microbioma com bactérias menos diversas ou com algumas espécies sub-representadas, está associado à depressão ou a mais sintomas depressivos.
"Identificamos associação de treze táxons microbianos, incluindo os gêneros Eggerthella, Coprococcus, Subdoligranulum, Sellimonas, Lachnoclostridium, Hungatella, Ruminococcaceae (UCG002, UCG003 e UCG005), LachnospiraceaeUCG001, Eubacterium ventriosum e grupo Ruminococcusgauvreauii, e família Ruminococcaceae com sintomas depressivos", descrevem os autores.
Eles acrescentam que "essas bactérias são conhecidas por estarem envolvidas na síntese de glutamato, butirato, serotonina e ácido gama-aminobutírico (GABA), que são neurotransmissores-chave para a depressão".
De acordo com o estudo, "o glutamato é amplamente distribuído no cérebro e é um importante neurotransmissor sináptico excitatório" e "é conhecido por estar envolvido na regulação da neuroplasticidade, aprendizagem e memória".
"Com evidências crescentes de seu papel na etiologia dos transtornos depressivos, o glutamato está rapidamente se tornando o novo alvo terapêutico para transtornos depressivos", salientam os pesquisadores.
A associação entre o desequilíbrio de bactérias intestinais e a depressão é tão forte quanto outros fatores de risco já conhecidos, como o tabagismo, consumo de álcool, sedentarismo e excesso de peso, segundo os pesquisadores.
"Agora que sabemos quais distúrbios no microbioma são significativos para a depressão, isso abre novas possibilidades de tratamento e prevenção. O que é urgentemente necessário”, afirma em comunicado a psiquiatra Anja Lok, pesquisadora do Departamento de Psiquiatria da Amsterdã UMC.
A descoberta dos 13 táxons microbianos abre portas para pesquisas futuras de tratamentos para depressão que possam envolver, por exemplo, o uso de probióticos.
A depressão, todavia, é uma doença multifatorial, cuja causa exata é desconhecida, mas pode ter relação com eventos específicos ao longo da vida, predisposição genética, alteração dos níveis de alguns neurotransmissores e fatores psicossociais.
Entre os principais sintomas estão sensação de tristeza e desmotivação, alterações no sono, cansaço excessivo, humor para baixo, entre outros.
É fundamental buscar ajuda profissional (médico ou psicólogo). A grande maioria dos casos tem remissão de todos os sintomas se for conduzido um tratamento adequado.
Na pior das hipóteses, a depressão pode levar ao suicídio. No Brasil, o CVV (Centro de Valorização à Vida) oferece atendimento gratuito para acolhimento de pessoas que em algum momento cogitaram tirar a própria vida.
A entidade, sem fins lucrativos, foi fundada há 57 anos e tem representação em 19 estados e no Distrito Federal. O telefone 188 (gratuito para todo o país) é o principal canal de atendimento.
Milhares de voluntários que integram o CVV (Centro de Valorização da Vida), entidade sem fins lucrativos, trabalham diariamente.
Mas também é possível entrar em contato pelo chat no site, onde há uma lista de endereços físicos das unidades.
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