Surpreendente e necessário. São os adjetivos apropriados para qualificar o quadro ‘Pode Perguntar’ do ‘Fantástico’, versão de um formato de sucesso em emissoras de outros Países.
A dinâmica consiste em uma plateia de pessoas do espectro autista a perguntar sobre variados temas a uma celebridade.
Na gravação realizada na Pinacoteca de São Paulo, a condução foi da psiquiatra Daniela Bordini, especialista em autismo da Unifesp.
A estreia teve Vera Fischer. A produção não poderia ter escolhido melhor: a atriz se mostrou atenciosa, empática e não fugiu das polêmicas da vida privada.
Falou sobre o pai alemão admirador de Hitler. “Como meu pai era um camponês simples, acreditou naquelas palavras inflamadas, nos discursos horrorosos.”
A artista revelou ter refutado a sugestão dele de ler ‘Mein Kampf’, o livro do ditador responsável pelo Holocausto. “Eu falei: ‘negativo, negativo. Você quer me dar um livro para ler? Então procure alguma coisa importante na literatura que a sua filha vá gostar de ler’. Uma semana depois, eu ganhei uma coleção de capa dura de Dostoiévski.”
Uma jovem destacou que Vera Fischer sempre foi um símbolo sexual e perguntou se ela gosta de fazer sexo. A diva gargalhou. “Eu estou com 73 anos. Você sabe como eu faço sexo? Eu comigo mesma. Já ouviu falar em masturbação, né? É ótima, uma terapia maravilhosa.”
A atriz não desconversou quando o assunto foi o casamento tumultuado com Felipe Camargo, seu filho na novela ‘Mandala’, quando se apaixonaram nos bastidores, espelhando o amor romântico proibido entre mãe e filho (Jocasta e Édipo) na trama. Naquele período, ela desenvolveu dependência química.
“Fomos muito felizes, mas tem casamentos que acabam. E, sim, eu me envolvi com drogas, sim. Mas quem também já não se envolveu com outras coisas? Drogas lícitas ou ilícitas, bebida ou seja lá o que for?”, disse.
“A cocaína é uma coisa que dá um poder à pessoa, a pessoa se sente muito poderosa. Eu sou uma pessoa que nunca precisaria disso. Mas a gente teve muitas brigas, sim, por ciúme, incompreensão, imaturidade, mas, olha, foi um casamento bacana enquanto durou.”
Ao ser perguntada sobre o maior ato de gentileza já recebido, citou os filhos Rafaela (da união com o ator Perry Salles) e Gabriel (do relacionamento com Felipe). “A minha filha, que tem 42 anos agora, na época em que eu me drogava, ela ficou muito, muito mal, preocupada”, relembrou.
“Então, ela armou um esquema pra me mandar para a Argentina, pra ser internada num lugar onde as pessoas daqui não pudessem interferir. A imprensa, nem nada. Eu fui muito bem tratada lá, o lugar onde mais eu aproveitei, digamos assim.”
Vera comentou também a respeito do caçula. “E o meu filho fez um bilhete quando estava na escola, ainda no primário. Ele disse assim: ‘mamãe, fique sempre linda, nunca fique na chuva pra se molhar, fique sempre trabalhando pra não ficar pobre e fique sempre bonita de coração’. Isso eu tenho emoldurado do lado da minha cama.”
A última novela inteira de Ver Fischer foi ‘Espelho da Vida’, em 2018. Um rapaz do auditório quis saber o que ela faz da vida hoje. “Gosto de ficar em casa, ler meus livros, fazer carinho nos meus gatos, eu tô aprendendo a cozinha um pouquinho.”
O ‘Pode Perguntar’ já está entre as melhores produções vistas na TV aberta em 2025. Foram 20 minutos de bate-papo interessante, rico em conteúdo e com saudável humor. Além de contribuir para normalizar a presença do autista na sociedade e no audiovisual.
A Globo devia essa homenagem a Vera Fischer. Estrela de sucessos como ‘Desejo’, ‘Riacho Doce’ e ‘Laços de Família’, a atriz ajudou a emissora a construir grandes momentos da teledramaturgia.
*Via Entretê/Terra
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