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variedades Domingo, 11 de Abril de 2021, 22:13 - A | A

Domingo, 11 de Abril de 2021, 22h:13 - A | A

REIS E RAINHAS NA AVENIDA

Egito transfere múmias a novo museu em desfile majestoso

* Cris Ávila

reprodução

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Um grande desfile levou 22 múmias da realeza do antigo Egito, em cápsulas especialmente projetadas, pela capital Cairo até um novo museu onde elas poderão ser exibidas em maior esplendor.

O comboio transportou 18 reis e quatro rainhas, a maioria do Império Novo, do Museu Egípcio na praça Tahrir, no centro do Cairo, para o Museu Nacional da Civilização Egípcia em Fustat, a cerca de 5 quilômetros de distância.

No Egito, o governo preparou um grande desfile impressionante para transferir os sarcófagos de 22 faraós de um museu a outro.

Há mais de três mil anos os egípcios não cortejavam faraós. As TVs do Egito chamavam a população para esse momento havia meses. O governo egípcio cogitou transferir as 22 múmias com cautela, sem alarde. A opção foi pela pompa e circunstância.

Milênios atrás a técnica de embalsamento era outra. Os primeiros métodos envolviam o corpo com faixas apertadas de linho ensopadas com resina, sais, ervas, óleos, ceras. Para conservar melhor o corpo, os sacerdotes retiravam todos os órgãos, menos o coração, considerado o lugar da inteligência.

A Orquestra do Egito foi a trilha sonora da última jornada de 18 reis e quatro rainhas. Eles deixaram para trás o Museu Egípcio, na capital Cairo; escoltados pela carruagem, por ordem cronológica.

O faraó Seqenenre Taa, do século 16 antes de Cristo (a.C.), abriu o desfile. É a múmia mais velha do grupo, mas não a mais famosa. Ramsés II reinou por 67 anos e assinou o primeiro tratado de paz já conhecido.

As autoridades fecharam as ruas ao longo do Rio Nilo para uma cerimônia voltada a atrair interesse às ricas coleções de antiguidades do Egito, no momento em que o turismo praticamente estagnou de vez por causa das restrições relacionadas à Covid-19.

Cada múmia foi colocada em uma cápsula especial preenchida com nitrogênio para garantir proteção, e as cápsulas foram levadas por carros projetados para embalá-las e fornecer estabilidade, disse o arqueólogo egípcio Zahi Hawass.

“Escolhemos o Museu da Civilização porque queremos, pela primeira vez, exibir as múmias de uma maneira civilizada, educada, e não para a diversão, como acontecia no Museu Egípcio”, disse.

Arqueólogo descobriram as múmias em dois lotes no complexo de templos mortuários de Deir Al Bahari, em Luxor, no vizinho Vale dos Reis de 1871.

E ele bateu forte várias vezes ao longo do Desfile de Ouro dos Faraós. Luzes, faixas, músicas. As pessoas acompanharam nas ruas, pela TV e pela internet a sua História.

O Egito experimentou um forte aumento de infecções por Covid-19 há um ano. Mas os casos de contágio e mortes foram caindo. O governo acha que está livre de mais uma praga e agora permite as reuniões.

Os 22 reis e rainhas também já tomaram decisões polêmicas. Hoje, com um discreto sorriso nos sarcófagos, pareciam gostar de uma renovada bajulação.

A carreata durou perto de uma hora. O presidente recebeu os antigos governantes no novo Museu Nacional da Civilização Egípcia, que passa a funcionar integralmente neste domingo (4). Abdel-Fattah al-Sisi inaugurou uma obra faraônica.

As múmias foram descobertas em 1871 no Vale dos Reis e desde o começo do século passado estavam em salas apertadas no Museu Egípcio. Agora, a antiguidade ganhou um controle moderno de temperatura e umidade, com projeções que lembram os túmulos subterrâneos.

O Egito teve uma aula em tempo real. Viajou de volta para o universo dos papiros, hieróglifos e outros artefatos de uma das mais importantes civilizações humanas.

A transferência dos faraós não aconteceu sem polêmicas. As múmias do Egito são historicamente associadas a maldições. No túmulo do faraó de Tut, haveria um aviso: "a morte virá em asas rápidas para aqueles que perturbam a paz do rei”. Muitos supersticiosos enxergaram uma relação entre o desfile e um acidente de trem com dezenas de mortos; o desabamento de um prédio com 18 mortes e, claro, o navio que atolou no Canal de Suez, parando parte do comércio marítimo entre Ásia e Europa.

A professora Salima Ikram, da Universidade Americana do Cairo, explica que o desfile ajuda o povo a "se envolver com o próprio passado”. Ela lembra que esses são os reis do Egito e têm uma importância histórica e econômica para atrair turismo.

Os egípcios antigos faziam mumificações porque acreditavam que a pessoa precisava do corpo na vida eterna. E é nos museus que eles alcançam aquilo que queriam: a eternidade.

Assista o desfile:

Via: Sputnik, Veja, G1

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