Um grupo de cientistas criou um implante de pele de porco que conseguiu restaurar a visão de 14 pessoas cegas. A nova técnica é considerada menos invasiva e não requer pontos ou condições e equipamentos muito especializados para ser aplicada.
“Isso nos ajuda a contornar o problema da escassez de tecido da córnea doado e acesso a outros tratamentos para doenças oculares”, disse o pesquisador de oftalmologia da Universidade de Linköping, Neil Lagali.
A córnea do nosso olho é composta por diferentes tipos de colágeno. Assim, os pesquisadores purificaram o colágeno da pele de porco para criar uma nova camada de córnea. Eles usaram métodos químicos e fotoquímicos para fortalecer o material, tornando-o mais estável e resultando em um hidrogel. O produto é chamado de construção suína de bioengenharia reticulada duplamente (BPCDX).
Devido ao material usado para criar o implante ser um subproduto da indústria alimentícia e, graças a processos de embalagem e esterilização especialmente desenvolvidos, o produto final pode ser armazenado por até dois anos – uma vantagem sobre as córneas humanas doadas, que devem ser usadas dentro de duas semanas.
De acordo com o Science Alert, que divulgou o artigo com os resultados do ensaio clínico, cerca de 12,7 milhões de pessoas sofrem perda de visão devido a problemas com suas córneas e apenas 1 em 70 consegue receber um transplante de córnea – a única maneira de restaurar a visão. Como os meios para fornecer esses transplantes são caros e as córneas doadas são escassas, a maioria das pessoas no mundo não tem acesso a tratamentos eficazes.
“Fizemos esforços significativos para garantir que nossa invenção seja amplamente disponível e acessível a todos e não apenas aos ricos. É por isso que essa tecnologia pode ser usada em todas as partes do mundo”, acrescentou o engenheiro biomédico da Universidade de Linköping, Mehrdad Rafat.
Como o implante de pele de porco é colocado?
A estrutura de colágeno dos nossos olhos pode diminuir ao longo do tempo, fazendo com que ela inche para fora e distorça nossa visão em uma condição chamada ceratocone. Embora a causa desse afinamento não seja conhecida, fatores como genética, esfregar os olhos vigorosamente, ter febre do feno, asma, síndrome de Down e síndrome de Ehlers-Danlos podem aumentar as chances de desenvolver a condição.
Assim, o BPCDX é colocado de forma que comprima a flambagem da córnea e forneça a espessura perdida, o que resulta na restauração da visão. A cirurgia requer apenas uma incisão de 2 milímetros e os resultados do ensaio clínico não apontaram formação de cicatriz ou reação adversa, e nenhuma terapia intensiva ou cirurgia adicional foi necessária; apenas um tratamento de oito semanas com colírio imunossupressor e um curativo.
“Nenhum estudo anterior, até onde sabemos, alcançou transparência total da córnea in vivo com espessamento e achatamento da córnea suficientes, ou com ganhos significativos de acuidade visual, conforme relatado aqui”, escreveram os pesquisadores em seu artigo.
De acordo com a equipe, um ensaio clínico ainda maior está sendo planejado a fim de reforçar os resultados e atribuir dados que facilitem o procedimento a receber as aprovações regulatórias necessárias. O artigo foi publicado com livre acesso na Nature Biotechnology.
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