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polícia Quinta-feira, 24 de Setembro de 2020, 07:00 - A | A

Quinta-feira, 24 de Setembro de 2020, 07h:00 - A | A

CASO ISABELE RAMOS

Exército cancela permanentemente registros de armas de pai de adolescente que matou Isabele em Cuiabá

G1

Isabele Guimarães Rosa, de 14 anos, morreu ao ser atingida com um tiro no rosto em Cuiabá — Foto: Instagram/Reprodução

Isabele Guimarães Rosa, de 14 anos, morreu ao ser atingida com um tiro no rosto em Cuiabá — Foto: Instagram/Reprodução

 

O Exército Brasileiro cancelou permanentemente os Certificados de Registro (CRs) de armas do empresário que é pai da adolescente de 15 anos que atirou e matou Isabele Guimarães Ramos, de 14 anos, no dia 12 de julho deste ano, em um condomínio de luxo, em Cuiabá. A polícia responsabilizou o empresário, a filha e outras duas pessoas na conclusão do inquérito que apurou o caso.

O empresário, a mulher e os quatro filhos, incluindo a adolescente que efetuou o disparo, são praticantes de tiro desportivo.

Também foram cancelados os registros das armas da mulher do empresário e do pai do namorado da filha dele, que atirou no rosto de Isabele.

De acordo com o Exército, desde o dia 5 de agosto, ele está proibido de possuir, portar e nem circular com arma de fogo.

Ele foi indiciado por posse de arma de arma de fogo, homicídio culposo, entrega de arma para adolescente, previsto no Estatuto do Desarmamento, e fraude processual.

Dias depois da morte de Isabele, o Exército já tinha suspendido os registros das armas do empresário, do sogro da menina que atirou, que é o dono da arma usada no crime, e do adolescente de 16 anos que é namorado dela.

 

No início deste mês, a polícia concluiu o inquérito sobre a morte de Isabele e indiciou a adolescente que atirou por ato infracional por homicídio doloso – quando há intenção de matar –, imprudência e imperícia.

Além da adolescente e do pai dela, a polícia indiciou o namorado dela por ato infracional análogo ao porte ilegal de arma de fogo, porque transitou armado, sem autorização. Ele tem 16 anos e levou as armas para a casa da namorada.

O pai dele também foi indiciado por omissão de cautela na guarda de arma de fogo, já que, segundo a polícia, tinha a obrigação de guardar as armas em local seguro.

 

Cena alterada

Para a polícia, o empresário pai da adolescente teve uma conduta que pode ter atrapalhado a investigação. “Quando a equipe do Samu chegou (na casa), havia apetrechos de armas em cima da mesa e ele pediu para que a mulher guardasse. Isso não poderia ter sido alterado”, disse o delegado Wagner Bassi, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que conduziu a investigação.

A cápsula da bala que atingiu a adolescente na cabeça também foi movimentada depois do crime pelo filho dele, que é irmão gêmeo da adolescente que atirou, o que pode ter atrapalhado a investigação.

Quatro policiais, sendo um delegado, dois investigadores da Polícia Civil, e um policial militar que foram até a casa depois do crime são investigados por improbidade administrativa.

 

O que aconteceu na casa no dia da morte de Isabele?

A polícia concluiu que, no dia do crime, o namorado da adolescente levou duas armas na mochila para a casa da autora do disparo. Quando chegou na casa dela, ele tirou as munições delas e as armas circularam pelas mãos das pessoas que estavam no local, sem munição.

As armas continuaram no local, expostas, e estavam na mesa da sala para manutenção. “Havia visitas na casa, não eram só os filhos, e para nós causou perplexidade. Na casa também não havia cofres para guardar as armas”, disse o delegado Wagner Bassi, durante coletiva no dia 2 de setembro sobre a conclusão do inquérito.

Depois, o namorado pegou o carregador que estava na mochila e municiou uma das armas. Ele guardou as armas no case e deixou no sofá da sala.

Às 21h59, o adolescente saiu da casa.

A adolescente então pegou as armas e levou para o quarto dela.

No quarto dela, ela deixa uma das armas no case e pega a outra que estava municiada. Ela foi para o banheiro, onde a vítima estava fumando cigarro eletrônico. Elas ficam no banheiro 1 minuto e 18 segundos e nesse intervalo de tempo acontece o disparo.

Pela altura do disparo e pela distância, é possível dizer que as duas estavam em pé e próximas uma da outra.

A arma tinha sido municiada na cama, com golpe do ferrolho, e com isso ela tinha condições de disparar. Mas não se sabe o momento em que isso aconteceu.

As câmeras da casa são ativadas por movimento. Então, quando a porta abre, inicia a gravação com uma gritaria depois que o crime já tinha acontecido e pedidos de socorro.

O crime ocorre entre a saída do namorado e esse segundo momento, da gritaria na casa.

A adolescente alegou que o case caiu e quando ela foi pegar, a arma disparou acidentalmente. As análises da perícia identificaram marcas de sangue, por meio do luminol, reagente químico, sangue na arma, na roupa dela e no chão.

“Não havia sangue, então aquela versão foi descartada. Por que se ela tivesse do jeito que disse, esse sangue teria espirrado no case, mas o case não estava na cena do fato”, explicou o delegado.

Pela forma que a vítima caiu, não teria como o tiro ter sido disparado do local onde a adolescente disse em depoimento à polícia, segundo a investigação. Ela havia alegado em depoimento que estava do lado de fora do banheiro.

 

“Pela nossa estrutura corpórea, a gente diz que desliga a vítima, porque pega uma parte do crânio que a pessoa não sente nem dor, porque pega o eixo do cérebro com o corpo, e faz com que a vítima caia reta, mas nessa posição joga o corpo para trás. Então, se a pessoa que atirou estivesse na porta, a vítima teria que cair de outra forma”.

Houve alterações no corpo para os primeiros socorros, mas continuou no mesmo lugar.

 

Apreensão da adolescente

O inquérito já foi encaminhado ao Ministério Público Estadual (MPE), que uma semana depois de receber o caso pediu à Justiça a internação da adolescente que atirou.

A Justiça então determinou a internação dela e no dia 15 deste mês ela se apresentou na Delegacia Especializada do Adolescente e foi levada para o Centro Socioeducativo de Cuiabá.

No dia seguinte, menos de 14 horas da internação, ela foi solta. A defesa conseguiu um habeas corpus e ela foi liberada de cumprir medidas socioeducativas.

 https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/playlist/videos-ultimas-noticias-sobre-o-caso-isabele.ghtml

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