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opinião Domingo, 06 de Dezembro de 2020, 14:18 - A | A

Domingo, 06 de Dezembro de 2020, 14h:18 - A | A

OPINIÃO

Quem perdeu e quem ganhou nas eleições 2020?

*Suelme Fernandes

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Ganhar o voto nas eleições e vencer são duas coisas distintas. Explico: Quem elege um candidato foi motivado por  alguns  interesses imediatos, seja pessoal: espaço  político,  cargos no mandato, ou coletivo: que a cidade seja bem representada  com alguém competente e eficiente. Vencer está relacionado com essas duas variáveis e em nenhuma delas  pode ser conhecidas no imediato ou por antecipação, somente o tempo irá dizer.  

Essa sensação momentânea de vitória depois da  apuração é compreensível e legítima, mas pode durar o tempo que as bolhas da champagne evaporam no brinde da vitória.  Ainda mais nesses tempos de impaciência do eleitor em que a chamada “lua de mel”  com seu candidato quase acaba dias depois da posse.  

Inexiste vitória permanente em política, pois elas sempre serão circunstanciais, relativas e instáveis, pois ganhar com uma votação da maioria, depois da posse, será sempre um verbo pronunciado no passado, os votos retratam um determinado instante ou conjuntura.

A politica é uma fábrica de ilusões e “vendeção” de sonhos, mas a realidade que vem depois da eleição (pra políticos e eleitores) nem sempre é aquela que se esperava.

Plenitude e segurança de vitória perene  - mesmo que precária - só terá o mandatário do cargo, o político eleito, e mesmo pra ele nunca será 100%. Essa é a beleza da democracia: o desterramento do poder.  

A politica é uma fábrica de ilusões e “vendeção” de sonhos, mas a realidade que vem depois da eleição  (pra políticos e eleitores) nem sempre é aquela que se esperava. Sai muita gente vitoriosa magoada desses processos, porque se achou mais importante no processo do que verdadeiramente foi sob o ponto de vista do político eleito.  

Imaginem o mar de compromissos, promessas  - incluindo empregos e outras benesses - que são assumidos por alguns candidatos numa campanha no afã de ganhar as eleições.

A pressão dos eleitores um dia depois da posse  é tão grande que nos primeiros meses alguns políticos recém eleitos até somem por um tempo dos gabinetes, por causa das demandas explosivas de atendimento ao público, currículos e petição em geral.  

Em regra, para aos cabos eleitorais e eleitores em geral restará o vácuo, a aflição e na maior parte a frustração da vitória algum tempo depois. Por isso que o amor e o ódio caminham juntos na política e de mãos dadas. Isso acontece, porque as expectativas e interesses de quem elege um candidato sempre serão infinitamente maiores do que as reais possibilidades de atendê-las. As vezes o próprio político sequer sabia desses interesses.    

O antídoto anti decepção é votar por convicção e coerência, colocando  as  expectativas de vitória bem abaixo da realidade e depois de eleito fazer o mesmo com os desejos de cargos ou de reconhecimento político.  Confesso que aprendi isso com o tempo e que não é fácil. Política é bom, mas é preciso apreciar com moderação, para mais tarde não sofrer. Espere ser supreendido e não frustrado! 

Quando se perde a eleição com convicção de que fez a escolha certa, a frustração é imediata, mas, depois de alguns dias  “lambendo as feridas” o derrotado segue adiante á espera da próxima disputa.  A grande vantagem nesse caso é que a taxa de frustração já fica debitada automaticamente no after e se encerra no dia seguinte ou dias depois.   

Um dos maiores patrimônios da democracia é que vencedores  e vencidos daqui a quatro anos terão um encontro cíclico marcado com quem foi eleito e a oportunidade de fazer o balanço, o encontro de contas pra saber de fato quem ganhou ou perdeu de verdade. Se fui eu ou se foi você? E isso é muito mais que a soma de um boletim eleitoral.   

Feita essas considerações, dependendo com quem se ganha e de como se vence, há certas eleições que é preferível perder! Isso mesmo, perder o voto  às vezes é ganhar na razão e coerência da vida. É preferível ganhar na consciência do que no voto útil e se frustrar depois. Aliás voto útil, votar em quem vai ganhar é uma forma de autosabotagem ou autoenganação.  

Sendo assim, a escolha do candidato e do voto deve ter sempre um condão de julgamento tridimensional de tempo, não só do imediato presente/presente, mas do presente/passado  e do presente/futuro. Ganhar e perder são palavras ambivalentes, assim como amor e ódio. “Eu vi vencedores nos olhos de muitos derrotados. Dignidade é tudo" Sérgio Vaz.  

*Suelme Fernandes é Professor e Mestre em História pela UFMT. Siga no Instagram @suelmefernandes  

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