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opinião Quarta-feira, 08 de Maio de 2024, 07:50 - A | A

Quarta-feira, 08 de Maio de 2024, 07h:50 - A | A

BAR DO BUGRE

QUANDO ME SENTI JURÁSSICO

*GABRIEL NOVIS NEVES

 

 

 

 

Numa roda de aniversário de uma neta me senti velho, desatualizado, mal informado — que atende pelo nome de jurássico.

 

Cometi a ‘imprudência’ de cruzar o Atlântico uma vez na vida, com passagem aérea e hospedagem por conta de uma empresa do leste europeu.

 

Não conheço a Disney ou Nova York, tampouco a cidade do cinema e seus cassinos.

 

Meu ídolo é o Ariano Suassuna, o brasileiro dos mais cultos e bem-humorados que conheci.

 

Suassuna não conheceu a Disney ou Europa e, com a inteligência que Deus lhe deu, aprontou boas com a grã-finagem carioca.

 

Assisti todas as suas ‘aulas-shows’, momentos de sabedoria e mais fino humor.

 

Na sua época ele era chamado de ‘jurássico’ por fazer roupas no alfaiate do tempo de estudante, inclusive o seu fardão de posse na Academia Brasileira de Letras, que tem um exclusivo.

 

Também tinha pavor em viajar de avião.

 

Fazia o trecho Recife-Salvador de automóvel em estrada de asfalto e chão batido.

 

No aniversário da minha neta eu não conseguia acompanhar o ritmo da conversa.

 

Destoava do grupo pelos meus parcos conhecimentos do mundo moderno.

 

 O meu bisneto de três anos já foi duas vezes à Disney e Europa.

 

Eles não entendiam o meu desinteresse em conhecer outros continentes.

 

Acham que ‘sempre existiu’ uma universidade no Coxipó, com cursos nobres nas três áreas do conhecimento — Direito, Medicina, Engenharia.

 

E como a cidadezinha de 305 anos se transformou em polo universitário e capital do agronegócio!

 

Desconhecem totalmente nossa história recente e sabem tudo da culinária estrangeira, ignorando o da cidade em que nasceram.

 

Meus bisnetos preferem almoçar comida japonesa com dois pauzinhos.

 

Não sabem o que é a nossa saborosa Maria Isabel.

 

Abandonaram o linguajar cuiabano, pelo chiado dos cariocas.

 

Num grupo assim, me senti desconfortável com a distância de gerações, quando ficar em casa é a melhor coisa do mundo!

 

Cacoete de jurássico!

 

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*Gabriel Novis Neves

 

 

https://bar-do-bugre.blogspot.com

 

 

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