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opinião Sexta-feira, 07 de Março de 2025, 07:47 - A | A

Sexta-feira, 07 de Março de 2025, 07h:47 - A | A

BAR DO BUGRE

NEM TODOS

*GABRIEL NOVIS NEVES

 

 
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Recebo pelas redes sociais relatos de muitos amigos que não assistiram ao carnaval – nem mesmo pela TV.

 

A televisão foi um divisor de águas entre o antes e o depois, quando o assunto é entretenimento.

 

Antes dela, o carnaval era uma festa que levava todos para às ruas. Assistíamos aos blocos, aos desfiles improvisados, ou nos jogávamos nos salões para dançar e brincar até o dia amanhecer.

 

Era nesses espaços que conhecíamos os grandes artistas do rádio e as coristas dos teatros de revista.

 

Com a chegada da televisão – primeiro em preto e branco, depois em cores –, o carnaval invadiu nossas casas. 

 

Confortavelmente sentados, passamos a assistir a um espetáculo grandioso, com ângulos e detalhes que as ruas não mostravam.

 

Ainda assim, apesar de ser uma paixão nacional, muitos dos meus leitores confessaram que não assistiram ao carnaval deste ano – nem pela TV.

 

Os desfiles foram transformados em vitrines, onde mulheres de corpos esculturais vendem felicidade e recebem o título de atrizes.

 

Seus companheiros, por sua vez, desfilam sua nudez absoluta como troféu.

Hoje, sequer tive coragem de ligar a TV. Talvez por desinteresse. Talvez pela idade avançada. Mas e os mais jovens? O que os fez perder o encanto?

 

Nos camarotes especiais, garotas deslumbrantes dividem flashes com jogadores de futebol e cantores sertanejos.

 

Imagens que, em muitos momentos deveriam ser censuradas para menores de 18 anos. Afinal, há cenas que ultrapassam qualquer limite – até mesmo o do pudor.

 

Lembro-me de um tempo em que, em Cuiabá, antes da televisão, as famílias levavam seus filhos aos bailes infantis nos clubes nas tardes de folia. Ou saíam juntos para brincar o carnaval nas ruas. À noite, os adultos vestiam fantasias ou disfarces e seguiam para os salões.

 

Havia os que preferiam apenas observar o movimento na Praça Alencastro.

 

Eu, rapazinho, acompanhava tudo da porta do bar do meu pai – inclusive as brigas de namorados enciumados.

 

Quando a televisão colorida chegou à Cuiabá, os grandes eventos passaram a ser transmitidos ao vivo.

 

Passávamos noites assistindo ao concurso de Miss Brasil, ao Festival da Canção, à virada do ano e, claro, aos desfiles das escolas de samba na Sapucaí. Isso foi há trinta anos.

 

Hoje, sequer tive coragem de ligar a TV. Talvez por desinteresse. Talvez pela idade avançada.

 

Mas e os mais jovens? O que os fez perder o encanto?

 

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Gabriel Novis Neves

05-03-2025

 

 

Acadêmicos do Salgueiro
 
Classificação. Acadêmicos do Salgueiro foi o campeão, conquistando seu sexto título na elite do carnaval. O campeonato anterior da escola foi conquistado três anos antes, em 1971. O Salgueiro apresentou o enredo "O Rei de França na Ilha da Assombração", desenvolvido por Joãosinho Trinta e Maria Augusta.

 

 

DESFILE DAS ESCOLAS DE SAMBA, RIO, 1974

 

https://bar-do-bugre.blogspot.com/2025/03/nem-todos.html

 

 

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