04 de Outubro de 2024

cotações: DÓLAR (COM) 5,48 / EURO 6,04 / LIBRA 7,19

opinião Segunda-feira, 28 de Novembro de 2022, 08:17 - A | A

Segunda-feira, 28 de Novembro de 2022, 08h:17 - A | A

BAR DO BUGRE

MORREU O CIRURGIÃO AMIGO DE TODOS

*GABRIEL NOVIS NEVES

 

 

 

 

A semana iniciou com seus moradores sem entenderem o que havia acontecido: seu médico morreu!

 

No dia anterior à sua morte, ele passou com seus amigos do Complexo Hospitalar Jardim Cuiabá reunidos na festa de confraternização de final de ano.

 

Passou o dia cantando, tocando violão com um grupo, e era também ritmista.

 

Depois foi descansar em sua casa que ficava nas proximidades do Hospital.

 

Sua mulher, filho médico e filha de sete anos estavam em viagem de férias na Disneylândia, Estados Unidos da América do Norte.

 

Dr. Nadim por duas vezes teve oportunidade de nos deixar.

 

A primeira vez quando sofreu ruptura de um aneurisma havendo necessidade de um enxerto.

 

Foi transferido em um jatinho do seu plano de saúde para a cidade de São Paulo, onde foi operado com sucesso, retornando para Cuiabá.

 

A outra vez foi quando acometido pelo Covid 19 não teve condições de ser removido da UTI.

 

Permaneceu por semanas internado e obteve alta hospitalar para casa, sucesso esse alcançado pelas correntes de orações dos seus amigos, e competência dos médicos que o trataram.

 

Voltou a exercer as suas funções de médico no Jardim Cuiabá, e também na Polícia Militar do Estado de Mato Grosso, reformado na patente de Coronel.

 

Sou bem mais velho que ele, e o hospital do meu dia a dia não era o seu.

 

Conheci Nadim quando estava montando o curso de medicina da UNIC.

 

Precisava de um cirurgião de “mão cheia” para lecionar a disciplina cirurgia geral para os alunos do quinto e sexto ano.

 

Aqueles que eu conhecia já eram professores de medicina da nossa Universidade Federal de Mato Grosso, a pioneira.

 

Conversando com o neurocirurgião Nicandro Figueiredo, professor da Universidade de Cuiabá, sobre as minhas dificuldades ele me respondeu:

 

“Chame o Nadim”.

 

Depois me passou oralmente o seu currículo.

 

Nicandro saiu do meu gabinete com o contrato do Nadim e com a recomendação de iniciar os seus trabalhos no dia seguinte no antigo Hospital Geral de Cuiabá.

 

Ele era conhecido entre os colegas como o médico dos casos difíceis.

 

Depois que deixei a direção da faculdade de medicina perdi o relacionamento com o grande mestre humanitário.

 

As notícias sobre seu falecimento me chegaram através de irmãos, cunhada e sobrinhos, que sempre trataram os seus males com ele.

 

Ele primeiro cuidava do paciente, e só depois discutia seu honorário, que ficava a cargo deste.

 

Nadim vivia no hospital, estando sempre disponível para socorrer aqueles que precisavam de um médico.

 

Acho que ele não tinha a menor ideia do quanto era querido pela nossa gente.

 

Morreu com dignidade, vítima de um infarto do miocárdio em casa, e lá de cima deve ter constatado também como era querido na Polícia Militar, local do velório e translado do corpo até o cemitério.

 

O cuiabano reconheceu o seu humanismo e espírito de caridade ao próximo.

 

Cuiabá perdeu o seu cirurgião geral, e em situações de dificuldades médicas não poderão mais dizer:

 

“Chame o Nadim!”

 

1

 

*Gabriel Novis Neves

 

 

 

https://bar-do-bugre.blogspot.com

 

 

 

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.midiahoje.com.br

Nossas notícias em primeira mão para você! Link do grupo MIDIA HOJE: WHATSAPP



Comente esta notícia