Há uma profunda diferença do leitor e decorador de normas e dogmas com o professor de academia. Nesta, ainda há os que ensinam mantendo as estruturas semânticas herdadas num universo de opressão. Não se ensina a pensar, mas a reproduzir (tão só!) pensamentos antigos e aceitos por séculos.
Talvez não seja culpa do mestre, mas da exigência dos ritos acadêmicos e de discentes ‘decorébas’. Sim, aqueles que estudam não por vocação, mas para manter-se no limbo de certa cultura especializada sem que, especialistas, de fato se tornem.
Na experiência em sala de aula é assente no pensamento médio dos alunos a ideia construída a partir de referenciais positivados sem, contudo, deles apreender sob a necessária dialética.
A opressão faz dos oprimidos, resignação. E o sistema educacional como concebido se apoia nessa facilidade reprodutora de passividade.
Isso tudo faz cada vez mais atual os ensinamentos de Paulo Freire: ‘Não há diálogo, porém, se não há um profundo amor ao mundo e aos homens. Não é possível a pronúncia do mundo, que é um ato de criação e recriação, se não há amor que a infunda’ (in Pedagogia do Oprimido, Paz e Terra, 69ª edição).
Será que amar é um dom? Ou faz parte da condição humana?
Qual professor não foi admoestado por alunos para que passe a matéria no ‘quadro’ para que possam copiá-la ‘para a prova’? Ou mesmo que o professor fosse mais ‘objetivo’ e parasse com ‘divagações’? Ensinar passou a seguir um rito próprio de aprendizes de ‘cursinho’. Não se quer aprender, mas decorar ‘macetes’ para concursos ou equivalentes. E nisso a reflexão crítica vai sendo deixada de lado.
‘Cada vez nos convencemos mais da necessidade de que os verdadeiros revolucionários reconheçam na revolução, porque um ato criador e libertador, um ato de amor. Para nós, a revolução que não se faz sem teoria da revolução, portanto, sem ciência, não tem nesta uma inconciliação com o amor. Pelo contrário, a revolução, que é feita pelos homens, o é em nome de sua humanização. Que leva os revolucionários a aderirem aos oprimidos, senão a condição desumanizada em que se acham estes?’ (Paulo Freire, Idem).
Revolucionar muitas coisas nesse quadro que aí está é emergente, em especial nas faculdades de Direito, que não está a formar bacharéis, mas futuros concursados em uma das carreiras jurídicas que o mercado oferece.
Não adianta escrever que todos são iguais perante a lei sem que se saiba que tipo de igualdade é essa.
Não adianta escrever que todos são iguais perante a lei sem que se saiba que tipo de igualdade é essa. Também, citar uma pretensa proporcionalidade sem conhecer seus contornos e extensão. Ou Mencionar a justiça sem se aprofundar nas origens e parâmetros reconhecedores ou mesmo a verdade sem que se tenha em mente as variáveis e densidades; enfim, as teses e antíteses e os resultados obtidos através de profundas reflexões etc.
É disso que se cuida, de saber conhecer e não conhecer por forma, em que o conteúdo que interessa esfria às margens de uma precipitada conclusão jurídica.
É por aí...
*GONÇALO ANTUNES DE BARROS NETO tem formação em Filosofia e Direito, autor da página Bedelho.Filosófico no Face, Insta, YouTube e Twitter
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