21 de Abril de 2025

cotações: DÓLAR (COM) 5,82 / EURO 6,61 / LIBRA 7,72

opinião Segunda-feira, 24 de Março de 2025, 07:19 - A | A

Segunda-feira, 24 de Março de 2025, 07h:19 - A | A

BAR DO BUGRE

CARTEIROS DO RIO ANTIGO

*GABRIEL NOVIS NEVES

 

 
1

 

 

Muitas das antigas profissões, tão queridas por muitos, caíram no esquecimento com o advento da internet.

 

Pensei no carteiro, imortalizado na canção interpretada pela paulista Isaurinha Garcia.

 

O carteiro era sempre esperado. Trazia as cartas ansiosamente aguardadas.

 

Conhecia os quatro cantos da cidade, percorrendo-os a pé, sob o sol e chuva.

 

Durante anos esperei com ansiedade o carteiro trazendo a carta de minha mãe, repleta de carinho e amor.

 

Era um alento para quem, ainda muito jovem, vivia em uma vaga de quarto de pensão no Rio de Janeiro, alimentando um sonho.

 

Havia deixado para trás meus pais, irmãos e amigos na minha pequena cidade.

 

E era o carteiro que mantinha vivos esses laços afetivos.

 

Não me lembro de ter recebido dele uma notícia triste.

 

O tempo passou. Retornei. E o carteiro, antes tão presente, vi apenas nos recantos mais distantes da cidade.

 

Esquecidos por muitos, nessa era de escravidão digital, continuam servindo à população e sendo respeitados por aqueles que ainda os reconhecem.

 

Quantos segredos esses funcionários guardaram e levaram consigo, sempre com discrição, amizade e ética.

 

A canção de Isaurinha Garcia reflete bem o papel desse personagem tão querido.

 

Ao receber uma carta, bastava olhar a postagem para saber de quem era.

 

Nos amores desgastados, surgia a dúvida cruel: abrir ou não abrir a carta?

 

Nas pensões, quando o carteiro chegava e nada trazia para quem esperava, o desespero se instalava.

 

Os carteiros percorriam até oito quilômetros por dia, atendendo até mesmo áreas rurais.

 

Às vezes o destinatário não é encontrado, e a mensagem retorna à agência.

 

Outras vezes, são perseguidos por cães raivosos ou ameaçados por assaltantes.

 

Nos dias de hoje, quando até as crianças têm celulares, as cartas e cartões se tornaram raros. Multiplicaram-se, no entanto, as encomendas.

 

E, ainda assim, esses verdadeiros anjos do asfalto sempre encontram seus destinatários.

 

Esquecidos por muitos, nessa era de escravidão digital, continuam servindo à população e sendo respeitados por aqueles que ainda os reconhecem.

 

Relembrar profissões tão queridas, como a das antigas parteiras, me faz um bem imenso.

 

É um mergulho doce nesse passado recente.

 

1

 

*Gabriel Novis Neves

20-03-2025

 

https://bar-do-bugre.blogspot.com/2025/03/carteiros-do-rio-antigo.html

 

 

 *Os artigos são de responsabilidade seus autores e não representam a opinião do Mídia Hoje.

Nossas notícias em primeira mão para você! Link do grupo MIDIA HOJE: WHATSAPP

Siga a pagina  MÍDIA HOJE no facebook(CLIQUE AQUI)

Vídeo



Comente esta notícia