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opinião Terça-feira, 20 de Dezembro de 2022, 08:39 - A | A

Terça-feira, 20 de Dezembro de 2022, 08h:39 - A | A

BAR DO BUGRE

A HISTÓRIA DO VILA

*GABRIEL NOVIS NEVES

 

 
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Durante algum tempo frequentei a redação do clickmt.com.br, do jornalista Vila.

 

Ele é um jornalista autodidata, de memória privilegiada, satírico, e criador de bordões.

 

Sempre foi muito bem informado, pois publicava matérias que os outros não podiam.

 

Percorreu as redações dos principais jornais, revistas e sites de Cuiabá, antes de fundar o seu temido clickmt.com.br

 

Fez em seu site a programação visual de um jornal.

 

Fui seu colaborador “júnior” e “estagiário” por longos anos.

 

Meus textos eram estampados nas suas capas, sinal de prestígio com o seu proprietário-redator-chefe.

 

Só me tratava como jornalista “júnior” embora fosse bem mais velho que ele.

 

Marcos Antônio Moreira, era o nome de batismo do temido Vila.

 

Foi por muito tempo um dos quatro sites com maior número de acessos em Cuiabá, estando hoje beirando 30 milhões de pageviews desde a sua fundação.

 

Ele reproduz diariamente no cabeçalho do seu site o número de acessos.

 

Foi um recordista enquanto teve saúde para trabalhar.

 

Sua especialidade é a política investigativa.

 

Amealhou uma importante coleção de inimigos políticos, e sua vida era dividida entre as redações dos jornais e sites onde trabalhava e o Fórum de Cuiabá.

 

Acompanhei-o como testemunha em alguns desses encontros de conciliação entre as partes, nunca aceitos pelo Vila.

 

O Vila serviu de professor para geração de jovens jornalistas que o referenciavam.

 

Tinha uma metodologia de trabalho e vida só possível para ele.

 

Acordava sem sono de madrugadão, fazia o café, sua única bebida até às 11 da manhã.

 

Depois apreciava uma latinha de cerveja bem gelada.

 

Fumava muito e trabalhava de bermudas, sem camisa e chinelo de dedo.

 

Alimentava pouco e mal, ele mesmo preparava a sua única refeição, que não tinha horário para ser servida.

 

Cuidava dos seus animais que dividiam o espaço com a redação e o seu quarto de dormir.

 

Não tinha funcionários, e a sua casa era administrada por ele, e os negócios pela sua diretora executiva: Kelen Marques.

 

Criava gatos, cachorros, na mais “santa paz do mundo”, e alimentava os passarinhos que vinham em sua janela à procura de alimentos.

 

Na garagem guardava um troféu que era um velho jeep, cuja história gostava de contar.

 

Certa ocasião deu carona a Archimedes Pereira Lima, membro da nossa Academia de Letras e jornalista fundador do jornal O Estado de Mato Grosso, fundador da Usina de Jaciara e Cervejaria da Brahma no Coxipó.

 

O jeep enguiçou e Archimedes passou a empurra-lo pela cidade para pegar no tranco.

 

Pois bem, esse homem estranho não noticiava no seu site efemérides.

 

Um vizinho seu, grande personalidade política, social e econômica, faleceu de mal súbito.

 

Perguntei ao Villa se ele sabia, pois não tinha lido nada no seu site.

 

Ele me respondeu que sabia, mas não publicou nada a respeito para não transformar seu panfleto em Agência Funerária.

 

Até hoje quando escrevo algo sobre esse assunto, me lembro do velho Vila.

 

Perdi o contato com o meu extravagante professor de jornalismo.

 

Sei que mudou de residência, deixando o bairro do Porto.

 

Teve sérios problemas de saúde como eu, e se recusava a tomar medicamentos receitados por médicos.

 

Tinha suas manias para saber, por exemplo, se a sua próstata estava bem: “me levanto de quatro horas à noite, para ir ao banheiro”- era sinal que tudo estava bem.

 

Temos que resgatar a história desses pioneiros, que com os anos caem no esquecimento.

 

Da nova geração de jornalistas quantos ouviram falar do Vila, o Marcos Antônio Moreira?

 

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*Gabriel Novis Neves

 

 

https://bar-do-bugre.blogspot.com

 

 

 *Os artigos são de responsabilidade seus autores e não representam a opinião do Mídia Hoje.

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