Seguindo uma campanha que incentiva outras mulheres a falarem de abuso, Mariana Belém publicou um longo relato nas redes sociais sobre o seu primeiro abuso sofrido, aos 7 anos. A empresária disse que demorou 17 anos para contar o que ocorreu para a mãe, Fafá de Belém. Mas os detalhes mesmo, ela só conseguiu verbalizar agora, 33 anos depois, no período em que estão morando juntas.
"Minha mãe sempre foi minha parceira, minha confidente. E, mesmo assim, levei 17 anos para contar que sofri abuso aos 7 anos e que só por um milagre não fui ainda mais violentada (e foi assim que eu aprendi o que seria ter fé pela vida toda). Algo me fez correr porque achei errado um homem que deveria cuidar de mim estar passando a mão dentro do meu biquíni, colocando a minha mão no pênis dele e pedindo para eu 'dar beijo' naquela parte do corpo dele. Algo fez minha mãe chegar enquanto eu corria dele. Algo ali me salvou de algo pior. Levei 17 anos para contar por alto. E esses detalhes grotescos acima eu só contei quando moramos juntas durante essa pandemia (33 anos depois do ocorrido)", diz um trecho do texto publicado.
Para se livrar do trauma, Mariana recorreu a terapia.
"Eu lembro do quarto, eu lembro da casa, eu lembro do exato momento em que minha mãe entrou na casa, eu lembro de detalhes, das frases. Trabalhei isso ao longo da vida, com psicopedagoga, lendo sobre e, a não ser por anos respondendo raivosa e xingando homens que mexiam comigo na rua (e isso foi trabalhado depois de adulta), consegui não viver com traumas maiores. Mas nunca esqueci. E quem não teve terapia? Informação? Uma mãe confidente? Se nem eu consegui contar pra minha, sempre aberta a conversar sobre tudo..."

A demora para contar tudo o que ocorreu veio de um sentimento de culpa. Por isso, Mariana entrou nessa campanha. Para incentivar que o diálogo seja aberto nas famílias e para que todos saibam se proteger.
"Eu me achava responsável. Eu achava que a culpa era minha. Eu tinha vergonha. Eu tive medo por anos. Quantas meninas, quantas mulheres não conseguiram correr? Quantas meninas acreditaram nos amigos dos pais, em familiares e tiveram sua confiança quebrada e seu corpo violado? Precisamos sim falar sobre Abuso. Precisamos ler e proteger nossos filhos, amigos..."

Mariana segurou no punho o livro "Abuso", escrito pela jornalista e apresentadora do "Bom dia, Brasil", Ana Paula Araújo.
"Seu ivro me fez conseguir contar isso publicamente pela primeira vez na vida e te agradeço por isso. Quando você chorou me ouvindo te contar, pensei: "será que meu relato pode encorajar outras pessoas? Ou ao menos confortar quem também ficou quieta por medo e vergonha? Será que meu relato pode abraçar outras pessoas?" Tomara. Se esse relato fizer pelo menos uma pessoa se sentir acolhida, parte de algo ou até encorajar alguém a se abrir, eu já sentirei um alívio ainda maior. Leiam esse livro, vamos falar mais sobre".

Fafá de Belém
A cantora comentou nas redes sociais sobre a declaração da filha. Além de ter se emocionado com os relatos, Fafá de Belém disse que pode rever a própria história para entender abusos que sofreu e não tinha consciência.
"Você é uma força da natureza, filha! Nossa conversa recente fez-me lembrar de várias situações que passei quando cheguei de Belém que jamais tinha trazido à luz da consciencia como abuso. Obrigada por colocar luz num assunto tão delicado e vivido diariamente por nós mulheres, meninas, moças... Parabéns por sua coragem, filha. Muito orgulho de você, eu te amo", escreveu.

Mariana agradeceu.
"Sou filha de uma força da natureza. Fui criada por uma força da natureza. Uma guerreira que me foi exemplo a vida toda pela força, coragem e fé que sempre teve na vida. Obrigada por sempre ter sido meu porto seguro e aberta a me escutar sem julgamentos. Obrigada por tudo que você escreveu nessa mensagem, estou chorando aqui. Significa muito. Você sabe o peso que saiu de mim por conseguir me abrir sobre isso. E se pelo menos uma pessoa se sentir ajudada ou encorajada, já vai ter valido a pena. Te amo muito. Obrigada por tanto".

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