O médico Samir Ribeiro, que é mato-grossense, mas atualmente mora na Argentina e trabalha na linha de frente da Covid-19 naquele país, publicou na segunda-feira (22), no Facebook, uma mensagem e uma carta escrita à mão no dia em que a mãe morreu com a doença.
A mãe dele, a assistente social Carmosina Ribeiro, morava em Cuiabá e estava internada em um hospital particular, onde morreu.
Médico publicou carta no perfil dele no Facebook — Foto: Facebook/Reprodução
Na carta, ele pede perdão por não ter conseguido salvar a mãe e diz que conseguiu ajudar o pai que também se infectou com o coronavírus, mas foi curado.
Samir fez medicina na Argentina, se formou em março do ano passado, e desde então está trabalhando na linha de frente contra a Covid-19 em uma Unidade de Pronto Atendimento, em Lanús, uma cidade localizada na província de Buenos Aires.
Samir Ribeiro trabalha na linha de frente contra a Covid-19 em um hospital na Argentina. — Foto: Facebook/Reprodução
O médico diz ter ajudado mais de 300 pacientes com a doença e lamentou não ter conseguido evitar a morte da mãe.
"Tentei. Difícil ver, lutar, ser médico e não conseguir ajudar a sua própria mãe. Antecipar passos, ser treinado. Salvei diversas vidas, até a do meu pai consegui, mas da minha mãe não consegui. Eu salvei mais de 300 pacientes com Covid-19", afirma.
No depoimento, Samir conta que pediu aos médicos a troca do antibiótico usado no tratamento de Carmosina, mas, segundo ele, os médicos falavam que ele era recém-formado e não lhe deram ouvidos.
"Os médicos falavam que eu era recém-formado. Pedi para trocarem o antibiótico, faltou oxigênio no sistema de tubulação e superlotação no hospital. É muito fácil agora falarem, pela imperícia que o vírus é muito agressivo e que minha mãe tinha muitas comorbidades", afirma.
Junto com a carta, o médico publicou várias fotos da mãe com a família e de momentos deles juntos.
"Perdão mãe por não conseguir te salvar, tentei, tentei muito, infelizmente não tive voz. Foi uma tortura porque eu podia adiantar cada passo seu. Mãe tive a oportunidade de estar com você nos últimos momentos ainda saudável e no estágio gravíssimo. Pensei e acreditei como filho e médico que você iria sair e que iria se recuperar. Você se foi e é difícil pensar que você se foi. Você me pediu e sabia que o antibiótico estava mal, eu queria ter o poder para trocá-lo. Falhei mãe com você, falhei", escreveu o médico na carta.
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