Foto: Reprodução/Facebook
Agnes Arruda é jornalista, mestre e doutora em comunicação, dedica-se a investigar e a denunciar a relação da gordofobia com a mídia.
Do dia que foi chamada de gorda por um motorista em alta velocidade que quase a atropelou, até hoje, Agnes Arruda escreveu dois livros sobre gordofobia, desenvolveu dois projetos de pesquisa e integra a programação do Congresso Pesquisa Gorda, o primeiro no País a abordar o tema de forma integral em sua programação. Na época, o motorista gritou “tinha que ser uma gorda!”. O que ele não sabia, é que tinha razão. Tinha que ser uma mulher gorda a se mobilizar de forma independente, criar uma rede e dizer ao mundo que gorda não é palavrão. No Dia do Gordo, a pesquisadora comemora o avanço das discussões sobre o tema e a criação de rede.
A pesquisadora já era uma mulher adulta quando conseguiu identificar e assimilar situações de gordofobia que viveu. Para além disso, começou também a investigar e a denunciar a relação da gordofobia com a mídia, que sistematicamente reproduz estereótipos como a personagem gorda engraçada e solteira que sonha com o grande amor, ou a moça gorda que só é considerada bonita quando emagrece.
“Quando descobri que o preconceito em relação ao meu corpo tem um nome, gordofobia, minha vida passou por uma revolução. Sem o nome, era como se a coisa não existisse, perpetuando a ideia de que o corpo gordo é errado, inadequado, desviante. No entanto, quando a palavra se materializou na minha frente, foi como se o sentimento também tivesse tomado forma.”
Mas o impacto da gordofobia não é só estético. Com corpos que não são aceitos socialmente, pessoas gordas sofrem traumas psicológicos e são privadas de direitos fundamentais.
“Consideradas preguiçosas e desleixadas, pessoas gordas são deixadas de lado em seleções de emprego, desenganadas pelo sistema de saúde, mais suscetíveis a relacionamentos abusivos, violentadas dentro de casa como forma de ‘correção’ de um comportamento considerado errado. ”
Para trazer o tema à pauta e validar a sua própria existência, Agnes fez alguns movimentos. Desde a sua primeira pesquisa científica sobre o assunto, (o artigo “O peso na mídia: estratégias de resistência à gordofobia” foi apresentado no VX Congresso Internacional Ibercom, em 2017), até perfil nas redes sociais onde trata do assunto (@tamanhogrande), Agnes foi incrementando uma rede que hoje realiza o primeiro Congresso Pesquisa Gorda - Ativismo, Estudo e Arte no País.
“São nossos saberes sendo considerados e validados, nossas corpas sendo ressignificadas, nossas existências respeitadas. As pessoas tem medo de dizer, mas gorda não é palavrão”.
Agnes também está trabalhando em seu segundo livro, o “Pequeno Dicionário Antigordofóbico”. O projeto foi viabilizado com financiamento coletivo e deve ser lançado em outubro.
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