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opinião Segunda-feira, 08 de Fevereiro de 2021, 17:45 - A | A

Segunda-feira, 08 de Fevereiro de 2021, 17h:45 - A | A

OPINIÃO

Dante de Oliveira

*Onofre Ribeiro

reprodução

 

No último sábado, dia 06, foi a data do nascimento de Dante de Oliveira, em 1952. Morreu com 52 anos, em 2006. Hoje teria 69 anos. Como tudo no Brasil, a memória se apaga rapidamente. Não temos a cultura educadora de respeitar a História vivida. É mais fácil colonizar e guiar um povo sem memória. Tudo fica banal. Se é banal, não tem importância.

Ao contrário do que se pensa, a educação brasileira foi concebida cuidadosamente ao longo do tempo pra não educar. Do contrário, o tipo de lideranças políticas que governam o país eternamente não se repetiriam eleição após eleição. Mandato após mandato!

Voltemos ao Dante. Cuiabano, aquariano, foi estudar engenharia no Rio de Janeiro, pra onde iam quem desejava cursar alguma faculdade. Filho do legendário advogado, Sebastião de Oliveira, o Doutor Paraná,  deputado estadual constituinte em 1946, depois da queda de Getúlio Vargas.

No Rio, Dante enveredou pela política de oposição aos militares e foi nessa condição que retornou a Cuiabá. Em 1978 elegeu-se deputado estadual e em 1982 deputado federal. Em 1984 apresentou na Câmara dos Deputados a também legendária emenda pelas Diretas Já. A emenda pretendia que as eleições presidenciais de 1985 para substituição do presidente General João Baptista de Figueiredo, já fossem pelo voto direto. A emenda não passou, mas mobilizou o país em comícios com até 1 milhão de pessoas em São Paulo.

Apesar da emenda não ser aprovada, nascia ali naquele distante abril de 1984, uma lenda brasileira: “Dante, o Homem das Diretas”. Elegeu-se prefeito de Cuiabá em 1985. Reelegeu-se, foi ministro da Reforma Agrária, governador de Mato Grosso entre 1995 e 2002. Deixou o governo em 2003, distanciou-se da política, embora nunca a tivesse abandonado. Aqui entra outro momento crucial de sua vida política. Substituído pelo empresário Blairo Maggi, pareceu que Mato Grosso não queria mais os seus políticos tradicionais.

Sem oposição, Blairo Maggi governou livremente. O crucial foi que se Dante não tivesse morrido tão cedo, seria o contraponto de Blairo Maggi. Nesse caso, com a experiência de oposicionista experiente na Assembleia Legislativa como deputado estadual e no Congresso Nacional como deputado federal pelo PMDB, certamente daria maior equilíbrio à gestão Maggi. Oposição qualificada ajuda muito mais do que atrapalha. Ainda mais tendo sido governador recente, certamente Dante teria um papel muito balisador na política daquele momento e futura de Mato Grosso. Blairo governou de 2003 a 2010.

Este artigo tem a função única de recordar Dante de Oliveira, antes que a memória mato-grossense se esqueça de um dos seus grandes homens políticos. Dante foi um estadista!

*Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso

[email protected]  

www.onofreribeiro.com.br

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