Escrevi sobre o Jubileu de Prata da Faculdade de Medicina da UNIC e deixei para comentar em outra crônica a aquisição do velho Hospital Geral e transformá-lo no moderno Hospital Geral Universitário (HGU).
Acompanhado sempre do reitor Altamiro Galindo, este me mostrou diversos terrenos disponíveis à época (1997), para construção do futuro Hospital Universitário.
Lembro-me de uma excelente área localizada às margens da rodovia do Coxipó, antes do quilômetro nove, com duas frentes, ao lado de um motel.
Perguntei ao reitor sobre a vizinhança.
Ele me respondeu em tom jocoso – “o arquiteto se aprovar o terreno vai gostar de ter um motel como vizinho. Ninguém vai continuar frequentando o local, e será fácil aproveitá-lo com pequenas adaptações, para alunos da Residência Médica”.
Três dos melhores arquitetos hospitalares do Brasil foram convidados para esse trabalho.
Lembro-me de um, que me encantou com as suas propostas inovadoras de como acabar com os tradicionais postos de enfermagem.
Ele provou que durante um plantão o enfermeiro gastava o maior tempo de trabalho levando medicação aos pacientes.
Sua proposta era acabar com o posto.
O enfermeiro acompanharia o médico nas visitas, e após as prescrições, cada doente recebia envelopados os medicamentos do dia com os horários que deveriam ser tomados.
Exceções ficariam para casos onde a medicação era venosa, e assim esses trabalhadores de saúde teriam tempo de dedicar-se aos cuidados dos pacientes.
Quando parecia que o projeto estaria escolhido, um arquiteto fez a pergunta:
- Então o hospital teria duzentos leitos, e os clientes dos hospitais universitários aqui no Brasil são de pacientes do SUS, o Ministério da Saúde já foi cientificado dessas novas despesas?
Naquela época as cotas do SUS para internações hospitalares em Cuiabá estavam contempladas, e o correto seria procurar um hospital da rede de saúde com as cotas.
No Brasil as Santas-Casas foram o útero da maior parte das faculdades de medicina, e aqui foi procurada para uma parceria, onde seria transformada em hospital escola.
A diretoria não aceitou, e logo após veio a falir.
Um interventor assumiu, e o governo do Estado passou a administrá-la, sendo hoje o Hospital Metropolitano de Cuiabá.
Outra alternativa para a UNIC seria adquirir o Hospital Geral de Cuiabá.
Ele estava totalmente inadimplente, sem UTI, enfermarias fechadas, com apenas alguns leitos para a maternidade do SUS, sem crédito, devendo todo mundo no comércio, e apenas alguns abnegados médicos da obstetrícia e neonatologistas atendendo, todos com mais de trinta anos de serviços prestados ao hospital, sem carteira de trabalho.
Depois de longas conversas com o reitor e diretor da faculdade foi feito o acordo.
A UNIC assumiu todo o passivo do HGU, o irmão do reitor, Francisco Galindo (Chiquinho), assumiu a sua direção e feita ampla e profunda adaptação para Hospital Geral Universitário (HGU).
Novos e modernos ambulatórios foram criados, centro obstétrico e cirúrgico, UTI de adultos, pediatria e neonatal, enfermarias recuperadas, centro de imagens, hemodiálise, salas de aulas, farmácia, cozinha e lavanderia. Repouso de médicas e médicos para plantonistas de 24 horas. Serviço de ambulâncias, Banco de Leite e Sangue.
Laboratórios de exames clínicos, genética e imagens.
Enfim, tudo que todo bom hospital universitário deve ter.
O HGU foi uma conquista da faculdade de medicina da UNIC e uma vitória de Cuiabá, onde há 25 anos, novos médicos são formados para Cuiabá e o Brasil.
*Gabriel Novis Neves
https://bar-do-bugre.blogspot.com
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