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Vitrine do Conhecimento Segunda-feira, 08 de Março de 2021, 13:12 - A | A

Segunda-feira, 08 de Março de 2021, 13h:12 - A | A

REPRESENTATIVIDADE

Quem são as mulheres na política, no trabalho, na arte, na vida?

*Cris Ávila

 

Quero através desta publicação rever um pouco da história do dia 08 de março, pois não é apenas um dia de comemoração, mas um dia de luta das mulheres guerreiras e trabalhadoras: fazendo memória das transformações que as lutas femininas têm causado na sociedade, dando visibilidade aos trabalhos que as muitas mulheres desenvolvem, suas ações e que nem sempre são reconhecidas. São as mulheres que fazem acontecer a nossa história. Compartilhe e curta bastante a leitura!

reprodução

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O dia 8 de março é celebrado em todo o mundo para reconhecer as conquistas sociais, políticas e culturais das mulheres. O Dia Internacional da Mulher também é uma oportunidade de chamar atenção para a necessidade de acelerar os movimentos em direção à igualdade de direitos e de condições em relação aos homens – algo que ainda deve levar mais cem anos para acontecer, de acordo com um relatório do Fórum Econômico Mundial (conteúdo em inglês) feito em 2017.

Essa reivindicação tem história. Tudo começou no início do século 20, quando as mulheres se uniram e começaram a ir para a rua exigir o direito de votar e de trabalhar em condições mais dignas.

1909 - Primeiro Dia da Mulher

O primeiro país a ter um dia nacional da mulher foi os Estados Unidos: 28 de fevereiro de 1909, por sugestão de Theresa Malkiel, educadora e ativista do Partido Socialista Americano, que também lutava pelo direito ao voto.

1910 - Conferência Anual das Mulheres

Inspirada pelas americanas, a feminista alemã Luise Zietz propôs o estabelecimento de um dia internacional da mulher durante a Conferência Anual das Mulheres, realizada em Copenhague em 1910.

1911 - Movimento ganha força

Em 1911, a Internacional Socialista decidiu estabelecer um Dia da Mulher para homenagear os movimentos pelos direitos das mulheres e angariar apoio para a causa do voto feminino. Enquanto isso, mais de um milhão de mulheres participaram de passeatas e comícios na Áustria, na Alemanha, na Dinamarca e na Suíça para exigir o direito ao voto, a ocupar cargos públicos e de não serem discriminadas no local de trabalho.

1917 - Primeira conquista marcante

Em 1917, as mulheres russas tomaram as ruas de Moscou no dia 8 de março para protestar contra a Primeira Guerra Mundial, a escassez de alimentos e pedir o fim do regime czarista, em um movimento que marcou o início da Revolução Russa. Quatro dias depois, o czar abdicou e o governo provisório e concedeu às mulheres o direito de votar.

1975 - Dia Internacional da Mulher

O Dia Internacional da Mulher foi oficialmente celebrado em 8 de março pela primeira vez por iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, e dois anos depois foi estendido a todos os países que são membros da organização.

Mais do que flores e chocolates

Mas a luta pela igualdade não parou por aí. Até hoje as mulheres continuam demonstrando sua força nas ruas. Em 2017, por exemplo, milhões de mulheres de todo o mundo participaram de mais de 600 passeatas para protestar contra o machismo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e defender seus direitos. Usando as redes sociais, as mulheres iniciaram também os movimentos #MeToo e #TimesUp, que chamam a atenção para o assédio sexual dentro e fora do ambiente de trabalho.

A cada ano, o Dia Internacional da Mulher tem um tema. O deste ano é: "Mulheres na liderança: Alcançando um futuro igual em um mundo de COVID-19". Segundo a ONU Mulheres, a representatividade feminina é insuficiente nos campos de ciência, tecnologia, matemática e design, o que acaba impedindo "o desenvolvimento de inovações ao gênero que permitam alcançar benefícios transformadores para a sociedade". Para a organização, " é vital que as ideias e as experiências de mulheres influenciem por igual o desenho e a aplicação das inovações que conformarão as sociedades do futuro."

Mulheres no Brasil

No Brasil, embora as mulheres tenham nível de formação superior ao dos homens, elas ocupam apenas 39,1% dos cargos gerenciais nas empresas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - em 2011, essa proporção era de 39,5%. Além disso, recebem o equivalente a 3/4 do salário dos homens. Mesmo trabalhando fora, as mulheres dedicam 18 horas por semana aos cuidados com o lar ou com a família (os homens, 10 horas).

  • 51% da população brasileira é mulher;

  • Recebem 75% do salário dos homens;

  • 18h semanais em trabalho não remunerado.

Valorizar o talento das profissionais, porém, pode ser essencial para o sucesso de uma empresa. Uma companhia que tenha 30% de líderes mulheres pode aumentar em 6% a margem líquida de lucro, aponta um estudo da consultoria internacional EY (conteúdo em inglês). Apesar disso, essa mesma pesquisa aponta que quase um terço das companhias no mundo não tem mulheres em sua diretoria ou em posição de gerência e metade não tem executivas em seu quadro (em 60% delas, não há mulheres entre os membros do conselho).

  • 37,8% dos cargos gerenciais são das mulheres;

  • 16,9% das mulheres 25+ têm ensino superior;

  • 7,9% dos municípios têm delegacia da mulher.

Mulheres na Política

Pensar no papel social desempenhado pelas mulheres na sociedade brasileira (mais especificamente sob a ótica da política) é sempre um exercício interessante, principalmente quando levamos em consideração uma sociedade como a nossa, construída sob a égide do machismo, do patriarcalismo, na qual o homem sempre ocupou o espaço público e a mulher, o privado.

E na política, ainda temos um espaço fechado entre os homens? Isso vem mudando, e a participação política das mulheres é prova disso, seja como eleitoras (desde a década de 1930), seja como candidatas a cargos públicos, mas tal mudança ocorre a passos lentos. Porém, mesmo que ainda tímida, a presença cada vez maior de candidatas é algo fundamental para o fortalecimento da democracia, afinal, a representatividade feminina é extremamente necessária quando pensamos nas lutas pelos direitos das mulheres em um contexto no qual, como se sabe, ainda há muito preconceito, exclusão e violência contra elas. Ao apontarmos que dentre os eleitores no Brasil as mulheres são maioria (pouco mais de 51,7% do total, segundo o governo federal), certamente este é um aspecto explorado pelos candidatos (ou candidatas) na tentativa de arregimentar esse voto feminino. Mais do que isso, é um indício de que há a necessidade de atenção para essa parcela considerável da população, ainda mais em se tratando de uma sociedade que busca se fortalecer enquanto democracia. Esta, por usa vez, já há algum tempo vem se consolidando, e uma participação maior das mulheres vai ao encontro disso.

Na década de 70 do século passado, as mulheres representavam 35% do eleitorado, ultrapassando a marca dos 50% no ano de 2006, quebrando a hegemonia do eleitorado masculino. Em relação à disputa eleitoral, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o número de candidaturas femininas alcançou 31,7% do total de registros nas últimas eleições de 2012, o que significa certo avanço.

Mas uma pergunta vem à tona: esse aumento na participação do voto pelas mulheres é a confirmação de que elas estão conquistando seu espaço? Podemos dizer que sim, embora os desafios encontrados pelas mulheres tanto na política quanto na sociedade de modo geral (e um bom exemplo são as dificuldades no mercado de trabalho) ainda são consideráveis. No entanto, mesmo que possamos dizer que as mulheres estão conquistando seu espaço, é preciso considerar que, por conta das chamadas cotas, fruto de políticas afirmativas para ampliar a participação feminina, os partidos são obrigados a reservarem uma participação de, no mínimo, 30% para cada sexo.

Dessa forma, a ampliação da participação das mulheres, em termos dos registros de candidaturas, não está ligada apenas a uma maior sensibilização quanto à importância da política entre elas ou à revolução da mulher (do feminismo) desencadeada na década de 1960 ou, ainda, à ampliação da politização da sociedade civil de modo geral, tal crescimento pode ser associado à obrigatoriedade do cumprimento de uma lei eleitoral. Obviamente, a própria instituição dessa lei foi resultado de uma luta pela maior participação feminina, o que pode ser considerado um avanço. Contudo, vale ressaltar que leis e as normas por si só possuem um poder relativo (embora sejam importantes instrumentos) na luta contra o preconceito, seja ele de qualquer natureza.

Mulheres no mercado de trabalho

Em alguns países, a igualdade de gênero está avançando. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, os países mais igualitários do mundo são (pela ordem), Islândia, Noruega, Suécia, Finlândia, Nicarágua e Ruanda.

Na Islândia, as mulheres têm tanta influência política quanto os homens – e salários semelhantes. Já na Nicarágua, as mulheres conquistaram a igualdade em postos ministeriais, e o país tem uma das mais altas proporções do mundo de mulheres entre seus parlamentares (46%). No Brasil, apesar de serem 51% da população, as mulheres ocupam apenas 15% das cadeiras nas duas casas legislativas do Congresso Nacional.

Apesar da melhora em alguns países, quando se olha para o conjunto global, o progresso na igualdade de gênero está diminuindo. Ainda de acordo com o relatório do Fórum Econômico Mundial (de dezembro de 2018), somente em 2.126 - ou seja em 108 anos - teremos igualdade de gênero em áreas como participação econômica, educação, saúde e empoderamento político. São 8 anos a mais em relação a estimativa de 2017.

“Embora o progresso continue a um ritmo muito lento, o fato de que a maioria dos países está caminhando para uma maior paridade de gênero é encorajador e recompensa os esforços de todos os formuladores de políticas e profissionais em todo o mundo que trabalham para alcançar o quinto desenvolvimento sustentável da ONU: igualdade de gênero", diz parte do relatório.

A educação é o campo em que a igualdade de gênero está mais perto no mundo – e pode ser alcançada em 2032, aponta o Fórum Econômico Mundial, que ressalta também o progresso para alcançar a paridade também na política.

Muitas pessoas já estão cansadas de escutar essa história da presença da mulher no mercado de trabalho. Estão cansadas de ver estatísticas que mostram que a cadeira da liderança ainda é ocupada majoritariamente pelos homens. Cansadas do discurso que questiona a posição na qual as mulheres são colocadas. Mesmo diante de tanto cansaço, o cenário se repete com energia: sim, falta representatividade feminina em posições de comando e em determinados setores econômicos. Mas falta representatividade não só nesses lugares.

Quando olhamos para as peças publicitárias, percebemos esse mesmo problema. Afinal, onde estão as mulheres? Segundo o estudo TODXS, conduzido pela Heads Propaganda e apoiado pela ONU Mulheres, elas NÃO estão nas empresas. É que 75% dos personagens que aparecem trabalhando em uma propaganda são — adivinhe! — homens. Quando eles aparecem nessa posição, aliás, são muito valorizados: os personagens masculinos têm 62% mais chances de serem mostrados como inteligentes nas campanhas publicitárias. Claro que existe também um espaço para elas: 3% das mulheres foram retratadas em posição de liderança ou com ambição. Três por cento.

O mesmo estudo analisou os estereótipos mais utilizados na publicidade brasileira para representar as mulheres. Eles estão relacionados com os seguintes termos: objetificação, padrão de beleza, profissões estereotipadas como femininas e especialista em cuidados da casa e da família. Diante disso, não é de se espantar com a conclusão do levantamento de que mais de 50% dos anúncios com mulheres contêm um estereótipo feminino ultrapassado.

Só que o que isso tem a ver com o mercado de trabalho? Tudo, uma vez que a forma como as mulheres são representadas é não só um reflexo da realidade, mas um reforço. É a arte imitando a vida, mas também a vida imitando a arte.

Quando a publicidade, o filme, a série, o livro, enfim, diferentes plataformas não retratam a mulher em uma posição de liderança porque normalmente elas não ocupam esse cargo, essas mesmas plataformas estão reforçando esse lugar — ou, melhor, esse “não lugar”. Ver várias e várias e várias vezes homens de terno e gravata tomando as decisões e comandando as empresas reforça esse inconsciente coletivo de que o lugar do homem é na liderança. Aquela ideia de que ele é naturalmente líder e ela, cuidadora, sensível, delicada e todos os outros “adjetivos femininos”.

Desconstruir essa imagem e esse imaginário é fundamental para mudar a realidade e, principalmente no caso das empresas, é importante que esse exemplo comece de cima. Olhando para As 150 Melhores Empresas para Trabalhar no Brasil, percebemos que aquelas que têm uma mulher no cargo de CEO automaticamente apresentam um quadro de alta  liderança com maior equidade de gênero. Abaixo, alguns exemplos de organizações do ranking do GPTW cuja presidência é ocupada por uma mulher e que, por consequência, exibe uma alta liderança com maior representatividade feminina:

  • Sabin Medicina Diagnóstica: 43% de mulheres na alta liderança

  • Microsoft: 46% de mulheres na alta liderança

  • ThoughtWorks: 50% de mulheres na alta liderança

  • SC Johnson: 80% de mulheres na alta liderança

Na última edição publicada, 10% das melhores empresas para trabalhar tinham uma executiva com o título de CEO — a expectativa é que essa porcentagem suba neste e nos próximos anos. Considerando os cargos de liderança de forma geral nas 150 melhores empresas, felizmente, os índices são bem maiores (40%) e analisando todo o headcount, também (46%).

Então, no mês em que nós mullheres somos lembradas por conta do 8 de março (o Dia Internacional da Mulher) é importante entender e refletir como as mulheres estão sendo representadas. Onde elas estão? Em quais papéis foram colocadas? Como são representadas? Por que os feminicídios e as denúncias de relacionamentos abusivos estão aumentando? Afinal a arte imita a vida, a vida imita a arte e a verdade é que as cores, os traços e o estilo desse quadro ainda precisam mudar.

Finalizo este texto com um poema de minha autoria em homenagem à todos nós mulheres!

Sou MULHER

Sou plena, sou absoluta, sou mulher guerreira que nunca temeu ir a luta.

Sou plena, sou absoluta, sou mulher
E também sinto medo,
Mas não é nenhum segredo
Que sou mais forte que a minha própria dor.

Sou plena, sou absoluta, sou mulher,
Mas também sou mãe, sou filha, sou amiga,
Sou trabalhadeira, sou cuidadora, sou obreira,
Sou rocha, sou flor, sou fé, sou amor,
Sou paixão, sou mistério, sou intensa,
Sou inteligente, sou divertida, sou simpática,
Sou atrevida e dona de mim.

Sou plena, sou absoluta, sou mulher,
E principalmente sou parte do Todo mergulhada nesta imensidão!

 

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*CRIS ÁVILA, é holomentora na Academia de Autoconhecimento Humi, fisioterapeuta e terapeuta holística no Espaço Vida Terapias Integrativas, jornalista do site Mídia Hoje e apresentadora na Tv Cidade Verde.

 

 

 

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