O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual chefe do Executivo Jair Bolsonaro (PL) vão decidir a eleição presidencial em segundo turno, em 30 de outubro. No momento da confirmação do resultado, com 96,93% das urnas apuradas, o petista tinha 47,85% dos votos válidos, enquanto o atual ocupante do Palácio do Planalto somou 43,70% — para decidir o pleito na primeira votação, o vencedor precisava de 50% dos válidos mais um voto.
Será a primeira vez desde a redemocratização que o segundo turno será disputado por dois concorrentes que já ocuparam o posto. Lula (2003-2010) e Bolsonaro (desde 2019) são pivôs da polarização política que se instaurou no país nos últimos anos, o que deve elevar a temperatura e os ataques nas próximas quatro semanas.
Lula vem apostando em explorar o legado social e econômico de seus dois mandatos e construiu um cenário favorável na reta final do primeiro turno, com a declaração de apoio de políticos e do empresariado - inclusive de ex-críticos à gestão petista. Já Bolsonaro tentou colher frutos do aumento do Auxílio Brasil e da redução no preço dos combustíveis e apostou suas fichas no uso político do Sete de Setembro, quando usou o ato cívico como manifestação à sua candidatura, e nos ataques ao principal rival.
Debate no segundo turno
O debate sobre corrupção, que permeou as críticas de Bolsonaro a Lula até aqui, deve seguir neste segundo turno. Lula tenta voltar à Presidência menos de três anos depois de ter ficado 19 meses preso. Lula foi para a prisão em abril de 2018 no processo do triplex do Guarujá (SP)— o Judiciário concordou com a acusação do Ministério Público de que Lula teria recebido o imóvel como propina da empreiteira OAS. Ele foi solto em 8 de novembro de 2019 (580 dias depois) após mudança de entendimento do Supremo Tribunal Federal a respeito de prisão em segunda instância.
Por causa da prisão, Lula foi substituído pelo vice, Fernando Haddad, na corrida presidencial de 2018, vencida por Jair Bolsonaro. Juiz do caso, Sergio Moro — que deixaria a magistratura para ser ministro da Justiça de Bolsonaro —, foi considerado pelo STF parcial no julgamento do ex-presidente e, com isso, os processos acabaram anulados.
A campanha de Lula também explorou casos de corrupção envolvendo a família de Bolsonaro, como as denúncias de rachadinhas — tema explorado no último debate da TV Globo. Outro ponto de ataque do petista é a gestão da pandemia pelo atual mandatário, como a demora para a compra de vacinas e defesa de métodos ineficazes de tratamento contra a Covid-19.
Esta é a sexta vez que Lula concorre à Presidência. Em 1989, na primeira eleição direta do país após a redemocratização, o ex-metalúrgico foi derrotado por Fernando Collor (PRN) no segundo turno por uma diferença de pouco mais de 4 milhões de votos (53% a 47%). Nos dois pleitos seguintes — primeiro com Aloizio Mercadante (hoje seu coordenador de plano de governo) e depois com Leonel Brizola (PDT) como vice —, foi superado por Fernando Henrique Cardoso (PSDB) em primeiro turno. A primeira vitória veio em 2002, superando José Serra (PSDB), seguida de reeleição contra o então tucano Geraldo Alckmin, hoje vice na sua chapa.
Já Bolsonaro, que fez carreira no Legislativo desde a década de 1990, se elegeu presidente em 2018 na primeira disputa para o Executivo que concorreu, e tenta manter uma tradição desde a redemocratização: todos os candidatos que disputavam a reeleição saíram vencedores, casos de Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff.
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