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política Segunda-feira, 05 de Julho de 2021, 10:37 - A | A

Segunda-feira, 05 de Julho de 2021, 10h:37 - A | A

RACHADINHA

Ex-cunhada indica em gravações envolvimento direto de Bolsonaro em caso da ‘rachadinha’, diz site

Em áudio divulgado pelo ‘UOL’, Andrea Siqueira Valle diz que parente foi demitido de gabinete do presidente quando ele era deputado federal por não devolver parte do salário

O Globo

Foto: ADRIANO MACHADO / REUTERS

Presidente Jair Bolsonaro

 

A ex-cunhada do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a fisiculturista Andrea Siqueira Valle, disse que o mandatário demitiu seu irmão, André Siqueira Valle, porque ele se recusou a entregar a maior parte de seu salário a Bolsonaro, que na época era deputado federal. É o que mostram áudios de Andrea obtidos pelo site “UOL”.

Nas gravações, a fisiculturista diz ainda que Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro e denunciado pelo Ministério Público no esquema de “rachadinha” no gabinete do então deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), não foi o único a recolher os salários dos funcionários do atual senador. Ela aponta que a maior parte do salário que recebia do gabinete do filho mais velho do presidente era recolhida pelo coronel da reserva do Exército Guilherme dos Santos Hudson. 

Assim como Queiroz, o senador Flávio também é investigado pelo MP no esquema que orientava assessores do seu antigo gabinete a devolver parte de seu salário. De acordo com o áudio de Andrea, a prática também seria feita por Bolsonaro na época em que ele esteve na Câmara federal. O presidente foi deputado federal entre 1991 e 2018.

— O André dava muito problema, porque o André nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6 mil, André devolvia R$ 2 mil, R$ 3 mil. Foi um tempão assim, até que o Jair pegou e falou: 'Chega, pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo' — disse Andrea no áudio obtido pelo “UOL”. 

Andrea e André são irmãos de Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher de Jair Bolsonaro e mãe do filho mais novo do presidente, Renan. Andrea foi assessora de Bolsonaro na Câmara entre setembro de 1998 e novembro de 2006. Depois, trabalhou no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (de novembro de 2006 a setembro de 2008) e de Flávio (de agosto de 2008 a agosto de 2018), período em que ele esteve na Alerj.

Já André foi lotado no gabinete de Jair por pouco menos de um ano, entre novembro de 2006 e outubro de 2007. Antes, tinha trabalhado em dois momentos como assessor do filho “02” do presidente, Carlos: de agosto de 2001 a fevereiro de 2005, e de fevereiro de 2006 a novembro do mesmo ano. 

— Não é pouca coisa que eu sei, não. É muita coisa que eu posso ferrar a vida do Flávio, posso ferrar a vida do Jair, posso ferrar a vida da Cristina. Entendeu? É por isso que eles têm medo aí e manda eu ficar quientinha, não sei o que, tal. Entendeu? É esse negócio aí — diz Andrea em um dos áudios. 

De acordo com a ex-cunhada do presidente, o coronel da reserva do Exército Guilherme dos Santos Hudson era responsável em recolher grande parte de salário na época que trabalha no gabinete de Flávio. O militar, tio de Andrea, André e Cristina, foi assessor do então deputado estadual entre junho e agosto de 2018. 

— O tio Hudson também já até tirou o corpo fora, porque quem pegava a bolada era ele. Quem me levava e buscava no banco era ele — diz Andrea, que também diz: — Na hora que eu tava aí fornencendo também, e ele também estava me ajudando, lógico, e eu também estava. Porque eu ficava com mil e pouco e ele ficava com R$ 7 mil. Então assim, certo ou errado, agora já foi. Não tem jeito de voltar atrás.

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