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opinião Segunda-feira, 11 de Janeiro de 2021, 11:41 - A | A

Segunda-feira, 11 de Janeiro de 2021, 11h:41 - A | A

OPINIÃO

Sou alcoólatra, e agora?

*Luiz Fernando Fernandes

reprodução

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Ele é jovem, cheio de vigor, tem dinheiro para garantir a balada e um animado grupo de amigos. O perfil que acabo de traçar se encaixa na vida de muitos jovens da atualidade. O problema é que em muitos casos a história que parece perfeita nem sempre termina num conto de fadas ou com um final feliz.

Quando o assunto é alcoolismo uma noite tranquila e animada pode terminar em caos total. Sim, o alcoolismo continua fazendo cada vez mais vítimas, seja direta ou indiretamente.

Entra ano e sai ano e continuamos a ouvir as piadinhas infames como aquela que diz que é melhor ser um bêbado conhecido que um alcoólatra anônimo. Mal sabem as pessoas que uma vida pode ser salva se um simples ato for levado a cabo, ou seja, se alguém deixar o álcool e se embrenhar com fé no mundo de alcoólicos anônimos.

Já escrevi sobre este tema em outro artigo, mas a abordagem que quero ter aqui é a da ajuda. Em que momento pedir ajuda, em que momento se ajudar. Não necessariamente o alcoólatra é aquele que bebe todo dia ou então aquele que bebe muito, podemos dizer que o alcoólatra é aquele que quando bebe tem uma mudança de personalidade e que invariavelmente quando começa não consegue parar de beber.

Sabe aquele amigo que ao ser convidado para um almoço de domingo só vai embora depois que a última garrafa acaba e ainda assim fica tentando fazer uma vaquinha pra comprar mais. Aquele cara ou aquela amiga que ao beber vai mudando a personalidade, vira macaco, porco e leão.

O macaco é aquele que bebe e começa a fazer graça, piadas, fica chato, inconveniente, começa a pegar no pé de todo mundo, enfim, um comportamento bem diferente daquele apresentado no início da festa.

O porco já é aquele que bebe e começa a cair pelos cantos, passa mal, deita no chão e não se incomoda em ficar bem imundo. Se na festa ele já dá show imagine o que acontece quando este tipo chega em casa.

O leão é o tipo mais temido e ele pode ser visto com frequência nos noticiários policiais. É aquele que começa a beber e fica bravo com qualquer coisa, disposto a brigar por tudo e com todos. Geralmente se não arruma confusão com alguém de fora do grupo se voltará para o próprio grupo, mas não consegue terminar uma noite de bebedeira sem uma confusão. Este tipo é muito comum e apesar de colocar a vida de outras pessoas em risco e a sua própria este é o tipo mais complicado para buscar ajuda.

Fala-se em alcoólicos anônimos que a ajuda só será buscada quando o alcoólatra chegar no fundo do poço. A questão é, quão fundo será este fundo de poço. Quanto tempo levará para que finalmente esta pessoa decida procurar ajuda. Dara tempo?

O que vejo na prática é que cada vez menos jovens chegam a alcoólicos anônimos, uma realidade que preocupa. Há alguns anos, era grande o número de jovens que chegavam até o AA em busca de ajuda. O que mudou? Por que estão desistindo? Sim, desistindo pois todas as vezes que um episódio de bebedeira acontece a vontade de se libertar é tremenda. Seriam as redes sociais as grandes vilãs dessa história? A necessidade de sempre estar bem, de sempre estar feliz, pode encobrir o caos que é uma vida alcoólica ativa?

São muitas as perguntas que nossa sociedade precisa responder, mas a principal delas e de fato porque eles não estão procurando ajuda.

Talvez tenha chegado a hora de darmos um importante passo. Tentar ajuda-los. Conversar.

O primeiro passo neste universo seria você frequentar algumas reuniões de AA para entender o funcionamento das reuniões e do plano de recuperação.

O primeiro passo neste universo seria você frequentar algumas reuniões de AA para entender o funcionamento das reuniões e do plano de recuperação.

Muitas vidas dependem da nossa ação. Comece identificando aqueles amigos que caminham a passos largos em direção ao fundo do poço. Não necessariamente ele estará vivendo na fase do macaco, do porco ou do leão. Mas com certeza estará mudando de personalidade em cada encontro “social”. O tímido se transforma num conversador de primeira, o respeitador nato começa a dar em cima de todo mundo, a pacifico quer brigar por coisas banais. Assim vamos tecendo esse emaranhado de personalidades que se formam regadas pelo álcool. Existem muitos grupos de AA Brasil a fora, um deles estará acessível a você e a aqueles que ama. Um ponto de partida interessante é você ligar, no caso de Cuiabá, (65) 3321-1020 e encontrar um grupo que poderá salvar a vida de um amigo, um parente ou até mesmo a sua.

Não hesite, o programa é bem simples, só por hoje e de 24 em 24 horas vidas são salvas no Brasil e no mundo.  

*Luiz Fernando Fernandes é jornalista em Cuiabá.

 *Os artigos são de responsabilidade seus autores e não representam a opinião do Mídia Hoje.

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Lu Turino 11/01/2021

Parabéns, vc é um grande profissional. Gostei muito da abordagem.

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1 comentários