05 de Outubro de 2024

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opinião Domingo, 30 de Outubro de 2022, 09:10 - A | A

Domingo, 30 de Outubro de 2022, 09h:10 - A | A

BAR DO BUGRE

OS PITORESCOS 49

*GABRIEL NOVIS NEVES

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Bem antigamente, votar no Brasil não era obrigatório, seguindo as normas constitucionais da época.

 

Aqueles que não tinham renda comprovada, fossem analfabetos, menor de idade ou mulher, não podiam votar. Hoje, todo mundo pode votar, o voto é obrigatório e o número de abstenções nas eleições majoritárias só perdem para o primeiro e segundo colocados por estreita margens de votos.

 

Os faltosos preferem pagar uma ridícula multa do TSE para justificar a sua ausência no dia das eleições.

 

Na Cuiabá antiga, dia de votação era uma festa! Todo mundo na fila de votação mostrava a cédula de papel com o nome do seu candidato aos “cabos eleitorais” e candidatos. Muitos trocavam suas cédulas eleitorais antes de colocarem dentro das urnas de lona verde, por uma fenda, mediante quantia em dinheiro, não estando nem aí com os destinos da nação. Esta “manobra” era conhecida como “compra de votos na boca da urna” e o poder era exercido por aqueles que tinham dinheiro. Formavam famílias de oligarcas que dominaram este país e Estados por muitos anos.

 

Hoje, o voto é obrigatório, eletrônico, a “boca de urna” fica distante da zona eleitoral, onde a cola com o nome do candidato é permitida, e a compra de votos continua. Com o dinheirinho do voto compram carne e cerveja para aproveitar o domingo de eleições.

 

 

Bem antigamente, as pessoas davam palpites com relação aos resultados das eleições e não cobravam nada. Mais acertavam que erravam.

 

Hoje, existem inúmeros institutos de pesquisas, e alguns só funcionam no período eleitoral. Cobram fortunas pelos seus trabalhos, que podem ser diários, bissemanais ou semanais. Seus resultados são de acordo com o interesse de quem os contratou.

 

Na Cuiabá antiga, todo mundo sabia do resultado antes da abertura das urnas. Nas fazendas, sítios e arrabaldes, as urnas chegavam de vésperas, e o “dono desses locais” onde as urnas ficavam “guardadas”, colocavam as células do seu candidato, para “adiantar” o serviço no dia das eleições. Passavam o dia todo comendo e bebendo às custas do candidato ou seu patrão.

 

Hoje, tudo é proibido, e dizem que as urnas eletrônicas são manipuladas pelos detentores de realizarem as eleições. Todos os países com alto desenvolvimento tecnológico, e mínimo índice de analfabetos, votam com cédulas, quando recebem o comprovante em quem votou.

 

O eleitor vota ou justifica a sua ausência, ficando em casa bebendo e comendo com amigos, ouvindo músicas de pagode raiz.

 

Bem antigamente, o candidato levava o eleitor para votar quando a sua zona eleitoral ficava distante. Pagava o almoço e no seu retorno o jantar e uns trocados para o dia seguinte. Hoje, quando tudo é proibido, continua funcionando nas eleições o “cacau”, genérico de dinheiro.

 

Na Cuiabá antiga, só os barões disputavam eleições. Possuíam ensino primário, eram chamados também de coronéis, tinham muito dinheiro, moravam no nosso Centro Histórico em casarões de degraus de mármore de Carrara, amplos janelões e porta principal com alto pé direito. Eram fazendeiros, usineiros, garimpeiros, produtores de fumo e exportadores de ipeca. Distribuíam às vésperas das eleições, roupas sapatos e brinquedos à vontade, que compravam das indústrias em São Paulo. Verdadeiro Papai Noel fora da época. Tinham cabeça, barba e bigodes brancos e se vestiam com ternos importados de tropical inglês branco. Fumavam cigarros de fumo e bebiam a legítima pinga vinda do sítio e usina. Tudo isso eu vi, não me contaram.

 

Hoje a corrupção está simplificada, e cada político tem o seu dono. São geralmente os reis do agronegócio. A corrupção às vezes existe até no gabinete ao lado ao do governador com o pagamento do mensalinho em dinheiro para “seus amigos”. O governador poderá ter seus direitos políticos cassados. Os que recebem propina com prova até filmada, não. Dizem que foram receber um dinheiro que o Estado devia a sua empresa. A Justiça cega, aceita.

 

Bem antigamente, na época do Brasil Colônia em que se votava sob condições, ninguém ficava sabendo o custo de uma eleição. Martim Afonso de Souza, foi o nosso primeiro governante eleito, em 1532, quando fundou a vila de São Vicente, em São Paulo. Nunca soube o preço dessa eleição. Hoje, quem sabe o preço de uma eleição são os perdedores.

 

Na Cuiabá antiga, geralmente o preço de uma eleição era alto. Hoje, foi instituído por Brasília um “auxílio” altíssimo a cada partido político, de acordo com o número de representantes no Senado e Câmara Federal. Como temos 32 partidos políticos legalizados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), é enorme o valor em dinheiro dessa “sobremesa”. Só os dois candidatos que disputarão à Presidência podem gastar até 133 milhões, oficialmente, não contando o volume de recursos captados pelo Caixa 2 de cada candidato. Boa sorte a todos os eleitores!

 

*Gabriel Novis Neves

 

http://bar-do-bugre.blogspot.com

 

 

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