Bem antigamente, o Imperador do Brasil nomeava os Presidentes das Províncias e Senadores, por indicações dos Barões da Coroa. Hoje, essas nomeações, que têm o nome de eleições gerais, são indicações dos “Reis do Agronegócio” e que são vários para caberem no mesmo saco do poder.
Na Cuiabá antiga, tínhamos o “Rei do Gado”. Hoje temos, o Rei da Soja, do Milho, do Algodão, da Piscicultura, da Madeira, dos Galináceos, dos Suínos, dos Bancos, dos Senadores, Deputados e Ministros, aqui em Mato Grosso.
Bem antigamente, as festas de aniversário, eram comemoradas nos velhos casarões do Centro Histórico. Hoje, em locais construídos para esse fim.
Na Cuiabá antiga, quando as festas eram realizadas em Clube, este era único e construído no centro da cidade, com ruas de paralelipitos e calçadas de cerâmica de barro feitas na Rua Nova.
Bem antigamente, os ricos que eram fazendeiros ou garimpeiros, moravam no centro ou em Largos como o da Mandioca, cujo nome foi mudado para Praça Conde de Azambuja e agora, nas vésperas de eleições, mudou de nome para Praça da Bembem.
Conde de Azambuja foi o primeiro capitão-general de Mato Grosso e tinha sua residência oficial lá. Essa Praça já teve o nome de Praça Conde de Azambuja, Praça Real por ser a residência dos governados do Brasil Colônia. Depois, o local passou a ser chamado de Largo do Sebo. O lugar tinha muitos nobres e isto atraia comerciantes que vendiam produtos trazidos diretamente de fazendas, produzindo odor desagradável. Mais tarde se instalou uma feira livre e daí nasceu a Praça da Mandioca, onde era a Praça Conde de Azambuja, hoje Praça da Bembem.
Lembro-me muito bem dos velhos casarões da Praça da Mandioca, que ficavam próximos a minha casa e, por diversas vezes acompanhei a minha mãe nessa feirinha.
Maria Augusta, nossa querida lavadeira e passadeira, morava em um desses casarões.
Dona Janoca, mãe do poeta Silva Freire também morava lá.
Bembem, que era minha prima, morava na rua do Campo, e todos os dias pela manhã, ia à feirinha da Mandioca onde era conhecida e amada por todos.
Na Cuiabá de hoje, os ricos moram bem afastados do Centro de Cuiabá. Compraram sítios e fazendas e lá construíram luxuosas residências do clã, com pistas de pouso equipadas para receber vários jatinhos executivos de todo o Estado e do Brasil por ocasião das suas festas. Até o super salão de festas exclusivo dos seus bilionários “reis”, foram construídos por eles. Esse é o mundo dos frequentadores da Revista Forbes.
Bem antigamente, as festas eram dadas nos salões residenciais com a luz dos lampiões e existiam regras para escolher uma moça para dançar. A solteira só podia dançar uma vez com um rapaz, e a permissão de repetir a dança com o mesmo rapaz só depois do noivado com a data do casamento agendado. Nunca pensar em baile de mascarados.
Na Cuiabá antiga, era permitido festas em casa com as mulheres fantasiadas discretamente. Os homens de terno e gravata. Hoje, as festas dos ricaços são realizadas em seus condomínios fechados com segurança máxima, as mulheres vão fantasiadas de forma irreconhecíveis, como a loura sulista de “nega maluca”! Os homens são proibidos de entrarem nessas festas sem fantasias, sendo comum encontrar nesses salões muitos “Bin Laden”, italianos e alemães!
Bem antigamente, todos sabiam quem era quem. Hoje, essa tarefa é de certos historiadores.
Na Cuiabá antiga, falava-se muito em cuiabano de pais cuiabanos, carinhosamente apelidados de “tchapa e cruz”. Meu pai, Bugre do bar e a minha mãe Irene Novis, eram considerados cuiabanos de raiz. Verdadeiro fake News moderno. O avô paterno do Bugre era “gaúcho” de Uruguaiana, a avó “uruguaia” da fronteira com o Brasil e mãe “carioca”. O bisavô da minha mãe Irene, era francês casado com uma baiana. O seu avô era baiano. Dessa mistura de nacionalidades e naturalidades, eu nasci “falsamente” como sendo cuiabano de “tchapa e cruz”. Minha mulher era argentina de Buenos Aires e meus três filhos nasceram em Cuiabá, sendo meio pau rodados.
Bem antigamente, Cuiabá era uma cidade do centro oeste de Mato Grosso. Hoje, é uma cidade do sul de Mato-Grosso. Para chegar aqui, só pelas pequenas embarcações que saiam de Corumbá pelo rio Cuiabá até ao cais do Porto, antes da ponte Júlio Muller.
Na Cuiabá de hoje, nosso melhor modo de transporte é pelos inúmeros aviões que decolam o dia todo, do Aeroporto Internacional de Cuiabá e Várzea Grande, antigo Aeroporto Maria Thereza Goulart.
Continuamos esperando a chegada do trem, que só veio à Cuiabá como enredo da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, no carnaval do Rio de Janeiro, quando o prefeito era o paulista Chico Galindo.
*Gabriel Novis Neves
https://bar-do-bugre.blogspot.com
Ouça "Eu me Orgulho de ser Cuiabano" - Coral da Terceira Idade - UFMT:
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