No mesmo dia ganhei dois importantes livros, ambos escritos por mulheres.
Um de uma advogada de Cuiabá, e outro de uma médica de São Paulo, ambas com belos currículos.
A cuiabana relata um romance que permeia três gerações.
O pano de fundo é o descobrimento das minas de ouro em terras mato-grossenses.
É um romance de duas irmãs apaixonadas por um mesmo rapaz.
Uma delas marca o encontro na praça em frente a um coqueiro torto, apelidado de Gogó da Ema, por se parecer como pescoço dessa ave do pantanal.
Sueli Rondon dá o emblemático nome de Gogó da Ema ao seu romance, tendo o cuidado de usar com maestria os acontecimentos históricos e o linguajar da época.
O da médica geriatra e psicóloga Ana Cláudia Quintana Arantes, aborda um tema que é ainda tabu: a morte.
A médica relata que em toda a sua vida profissional enfrentou dificuldade para ser compreendida e entendida em um aspecto muito importante para o paciente.
Ela argumentava com seus colegas médicos que o paciente merece toda atenção, principalmente quando não há mais chance de cura.
Agora os Cuidados Paliativos, defendidos por José Pedro Rodrigues Gonçalves, têm status de política pública, recebendo do Estado a atenção com que a autora sempre sonhou.
Ousando despraticar as normas, agindo diferente do convencional, ela mostra a todos nós como poderemos encher de significado a própria vida, a fim de que ‘a morte seja um dia que valha a pena ser vivido’.
Com alma de poeta, Ana Claudia Quintana Arantes assim prefaciou o seu livro: ‘A morte é um dia que vale a pena viver’.
‘Impensável morrer
Impossível aceitar
Improvável não sofrer
Inevitável ser feliz
Imperdível o tempo por aqui...
Inesquecível é o Amor’
Continua filosofando na sua Introdução:
‘Se você expressar o que habita em você, isso irá salvá-lo. Mas se você não expressar o que habita em você, isso irá destruí-lo’
Jesus — Evangelho de São Tomé
Neste livro a autora faz questão de dizer que cuida de pessoas que morrem.
Ela chama nosso poeta Manoel de Barros, para explicar:
QUEM SOU EU
‘Eu tive uma namorada que via errado.
O que ela via não era uma garça na beira do rio. O que ela via era um rio na beira de uma garça. Ela despraticava as normas. Dizia que seu avesso era mais visível do que um poste. Com ela as coisas tinham que mudar de comportamento. Aliás, a moça me contou uma vez que tinha encontros diários com suas contradições’.
Quase todo mundo pensa que a norma é fugir da realidade da morte. Mas a verdade é que a morte é uma ponte para a vida. Despratique as normas.
Vale a pena ler os livros das escritoras cuiabana e paulista.
*Gabriel Novis Neves
https://bar-do-bugre.blogspot.com/2024/11/chuva-de-livros.html
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