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opinião Quinta-feira, 18 de Agosto de 2022, 07:50 - A | A

Quinta-feira, 18 de Agosto de 2022, 07h:50 - A | A

BAR DO BUGRE

ALGUNS COLEGAS DE QUARTO DE PENSÃO

*GABRIEL NOVIS NEVES

 

 

Durante o período de 1953-1964 que morei no Rio de Janeiro, tive vários colegas de quarto de pensão.

 

Poderia citar o Carlos Eduardo Epaminondas, Juvenal Alves Corrêa, Celso de Barros, José Vidal e meu irmão Pedro Novis Neves como os principais.

 

Os dois primeiros eram estudantes de Medicina, os dois segundos de Direito e meu irmão Economia.

 

Celso de Barros era corumbaense, de família abonada de fazendeiros e políticos.

 

Anos mais tarde seu irmão, também advogado, Cássio Leite de Barros, foi governador do Estado de Mato Grosso (1978-1979).

 

 

Nessa ocasião escolheu como desembargador um ex-colega de pensão e compadre do seu irmão Celso, professor José Vidal indicação da OAB.

 

Também assinou um termo de comodato por 30 anos do “Hospital de Tuberculose Júlio Muller” com a UFMT, cujo reitor na época era eu!

 

O Hospital de Tuberculose foi adaptado para servir de Hospital Universitário e é o HUJM.

 

Celso de Barros era muito inteligente e um grande orador.

 

 

Na greve estudantil de 1956 contra o aumento da tarifa dos bondes, ele se destacou pendurado nos bondes da Light fazendo memoráveis discursos.

 

O Presidente da República era Juscelino Kubistchek, e os estudantes só aceitavam negociar o fim da greve com o retorno às aulas se fosse ele o intermediador.

 

JK, sorridente, recebeu a comissão de universitários grevistas no Palácio do Catete, e a Light não dobrou o preço da passagem de cinquenta centavos.

 

Celso de Barros foi um dos líderes do vitorioso movimento grevista e ficou conhecido pela “moçada” universitária.

 

A sua família possuía um pequeno jornal em Corumbá, e o Celso conseguiu uma credencial de jornalista.

 

 

Em 1955, Etelvino Lins de Pernambuco, onde exerceu vários cargos importantes, foi pré-candidato à Presidência da República, desistindo mais à frente para JK.

 

Celso era meu colega de quarto na pensão da rua Almirante Tamandaré no Catete.

 

Ele já estudante de Direito e eu de Medicina.

 

Disse que tinha marcado uma entrevista com o líder pernambucano, então candidato à Presidência do Brasil.

 

Seria para o seu jornal de Corumbá, no apartamento do Etelvino na rua Marquês de Abrantes.

 

Mesmo edifício que morava o maestro Villa-Lobos, que tinha um sobrinho que era meu colega de turma de faculdade.

 

Convidou-me para acompanhá-lo, também como jornalista, e eu aceitei com muita emoção!

 

Nunca poderia imaginar o que estava acontecendo comigo!

 

No horário combinado fomos recebidos com a maior dignidade por um dos políticos mais importantes do Brasil.

 

Ele falou dos seus planos para o pantanal e norte do nosso Estado.

 

Prometeu também criar uma universidade que atendesse aos alunos de Mato Grosso como nós, no nosso próprio Estado.

 

O Celso ficou encarregado de fazer as anotações e conduzir a bela entrevista, que foi publicada no jornal de Corumbá, fazendo o maior sucesso.

 

Com essa carteirinha de jornalista correspondente, o Celso me convidou para assistir a alguns “Showmícios” relâmpagos do Jornalista Carlos Lacerda, em residências de Copacabana.

 

Clube da Lanterna, era como se chamava esse movimento político de visitar em um mesmo dia várias residências repletas de convidados das proximidades.

 

Eu retornei médico para Cuiabá e o Celso de Barros está aposentado como Procurador de Justiça, no Rio de Janeiro.

 

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*Gabriel Novis Neves

 

 

 

https://bar-do-bugre.blogspot.com/2022

 

 

 

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