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opinião Segunda-feira, 14 de Dezembro de 2020, 12:26 - A | A

Segunda-feira, 14 de Dezembro de 2020, 12h:26 - A | A

OPINIÃO

AIDS, uma sentença de morte?

*Luiz Fernando Fernandes

reprodução

 

Eles se encontraram numa quente noite de verão. Feromônios a toda e não deu outra. Oi, olá e lá se vai uma penca de conversa. Conversa vai conversa vem, e lá veio uma cervejinha, outra e mais outra. Caras metades que se encontraram na noite cuiabana e que não demoraram muito a se fundir num desejoso beijo. Bem, o resto dessa história você sabe muito bem como termina, senão vamos precisar tirar as crianças da sala.

Histórias assim acontecem todos os dias nos mais variados rincões desse Brasil. Jovens que alheios ao risco que espreita se lançam em aventuras amorosas regadas a paixão, indiferentes ao perigo que pode estar morando ao lado.

São os jovens hoje as principais vítimas de um vírus que alarmou o mundo em 1981 e se adequou aos nossos e novos tempos, o HIV.

Não estou nem mesmo falando da AIDS, pois existe uma diferença entre ambos. HIV é o vírus e a AIDS a doença provocada pelo vírus. A boa notícia é que em tempos atuais os portadores do vírus não irão desenvolver a doença se iniciarem o tratamento o quanto antes.

Esse hipotético encontro do início de nosso escrito por exemplo. Se um dos dois protagonistas fosse HIV positivo poderia contaminar a parceira ou o parceiro. Mas se logo no dia seguinte ao encontro os dois procurassem uma unidade de saúde, o portador já poderia iniciar o tratamento e o outro poderia utilizar os medicamentos que matam o vírus em 28 dias depois da contaminação (PEP). O problema é que o tempo é curto, a pessoa só tem 72 horas para iniciar o tratamento dos 28 dias, depois disso invariavelmente estará infectada também e só restará iniciar o tratamento que levara a vida toda, mas irá garantir uma vida normal, mesmo com o vírus no organismo. Sim, ter HIV hoje não é uma sentença de morte. Importante lembrar que a PEP que a pessoa toma por 28 dias, não mata o vírus diretamente, ela impede que ele entre nas células de defesa, e se multiplique. O HIV só consegue gerar infecção se ele entrar nas células de defesa e se multiplicar.

A ONU elegeu o dia 1º de dezembro para celebrar o Dia Mundial de Luta Contra a AIDS.

A ONU elegeu o dia 1º de dezembro para celebrar o Dia Mundial de Luta Contra a AIDS. A data visa reforçar a solidariedade, a tolerância, a compaixão e a compreensão com portadores da doença. No Brasil o Ministério da Saúde institui o Dezembro Vermelho em 2017, um mês inteiro de conscientização para o tratamento precoce da Aids e de outras infecções sexualmente transmissíveis.

Em Cuiabá existe o SAE, Serviço de Assistência Especializado ligado a Coordenadoria Técnica do Programa IST/aids e Hepatites Virais fica na Diretoria de Atenção Secundária na SMS. No SAE são realizados vários serviços como Testagem Rápida de Hepatites B e C, HIV e Sífilis, diálogos de orientação e prevenção de Profilaxia de Pós Exposição (PEP) e Profilaxia de Pré Exposição Sexual (PrEP), diagnóstico e tratamento imediato das Infeções Sexualmente Transmissíveis, orientações jurídicas para Pessoas Vivendo com HIV/AIDS (PVHA).

Atualmente cerca de 5 mil pessoas estão cadastradas no SAE e destas, aproximadamente 3500 continuam em tratamento regular, os demais apenas foram diagnosticados.

De acordo com o Boletim Epidemiológico HIV/aids da Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá (2020), em 2019, foram diagnosticados no município de Cuiabá 338 casos de infecção pelo HIV e 38 casos de aids, deste 44,7% são jovens entre a faixa etária de 20 a 29 anos, 77,5% são negros (auto identificação como cor/raça preta ou parda), e 79,9 são homens.

De acordo com o boletim epidemiológico HIV/aids do Ministério da Saúde (2020), Cuiabá encontra-se entre as 10 capitais (nona colocação), com maiores índices de indicadores de taxas de detecção, mortalidade e primeira contagem de CD4 nos últimos cinco anos. Linfócitos CD4 têm importante papel na integridade do sistema imunológico humano. Eles são o principal alvo do vírus da imunodeficiência humana (HIV). 

Na unidade SAE Grande Terceiro, em 2020 (até outubro de 2020), foram 282 novos casos de infecção pelo HIV, destes 241 são de usuários e do sexo masculino, e 150 se encontram na faixa etária de 18 a 29 anos.

Atualmente 5 mil pessoas contraem o vírus da AIDS todos os dias no mundo. Existem 36,9 milhões de pessoas vivendo com a doença. Dois terços dos infectados pelo HIV estão em países do continente africano.

Agradeço ao Enfermeiro sanitarista e pesquisadorLucas Luís Moreira França que faz parte da equipe técnica da Coordenadoria Técnica do Programa IST/aids e Hepatites Virias/SMS pelas informações que constam neste artigo.

Endereços do SAE: SAE Grande Terceiro - Avenida Rio Pirain, s/ n., Grande Terceiro. SAE Regional Norte - Rua Óbidos, s/ n., CPA I, anexo a Clínica da Família.  

*Luiz Fernando Fernandes é Jornalista em Cuiabá. @luizfernandofernandesmt

 

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