A Rússia deve começar a vacinação em massa contra o novo coronavírus já no fim da semana que vem, seguindo uma decisão desta quarta-feira (02/12) do presidente Vladimir Putin.
Os médicos e professores deverão ser os primeiros a serem vacinados. Paralelamente, os testes com a vacina batizada de Sputnik V, que foi aprovada pelo país no verão europeu sem passar por todas as etapas de testes, continuam.
O correspondente da DW Serguei Satanovskiy participou do teste da vacina desenvolvida pelo Instituto Gamaleya de Epidemiologia, de Moscou e relata a seguir a sua experiência.
Registro para o teste de vacinação
Em setembro, um anúncio na internet convocava voluntários para testar a vacina contra a covid-19. Na época havia poucas informações sobre a Sputnik V, e o número de novas infecções na Rússia não era alarmante.
No final de novembro, a situação já era outra: o número de novas infecções aumentara acentuadamente. Decidi assumir o risco de uma vacinação. O que me convenceu foi a situação difícil de amigos que estavam gravemente doentes e haviam sido colocados em quarentena em seus apartamentos.
Uma busca na internet por "vacinação contra o coronavírus" me levou ao site da prefeitura de Moscou. Foi necessário preencher um questionário, incluindo perguntas como se eu já havia adoecido com o novo coronavírus, se tinha tido contato com alguém infectado nas últimas duas semanas e se tenho doenças crônicas.
De acordo com a Secretaria da Saúde, pessoas que já haviam adoecido de covid-19 não deveriam mais ser vacinadas nesta temporada. Cerca de uma semana depois, recebi um convite por telefone para realizar um exame preliminar. Para isso, eu poderia escolher uma clínica.
Exame no hospital
Fui ao hospital Zhadkevich, em Moscou, para fazer o exame. No local, soube que o médico-chefe é o médico e apresentador de TV Alexander Myasnikov. Ele é amigo do conhecido apresentador de televisão estatal, Vladimir Solovyov, que é considerado parte da máquina de propaganda russa.
No início da pandemia, Solovyov estimou como "zero" a probabilidade de os russos serem infectados com a covid-19. Isso tudo não me deu uma sensação muito boa, mas era tarde para recuar.
Antes do exame, a médica perguntou se eu havia tomado algum remédio recentemente, se eu tinha alguma alergia e se havia feito alguma cirurgia.
Liguei para meus pais para saber exatamente qual tipo de operação havia feito quando tinha 5 anos. Durante a conversa, a médica me deu um material informativo de 16 páginas e me explicou verbalmente o conteúdo.
O documento diz, por exemplo, que o objetivo do estudo é avaliar a eficácia, imunogenicidade e segurança da vacina Gam-Covid-Vac (cuja marca comercial é Sputnik V).
Em estudos pré-clínicos, a vacina foi testada em animais, como hamsters e porquinhos-da-índia. A Sputnik V demonstrou segurança e eficácia nesses animais, mas somente segurança entre os voluntários humanos.
Apólice de seguro para cada participante
Um total de 40 mil pessoas participam do estudo: 30 mil recebem a vacina, e 10 mil um placebo. Os participantes devem voltar ao hospital 21 dias depois da primeira vacinação para receber a segunda dose. Além disso devem informar diariamente no aplicativo Check Covid-19 como se sentem. Nada mais me foi solicitado. Mas há outro estudo, e a médica sugeriu que eu participasse dele também.
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