Aos poucos, o novo ensino médio, criado durante o governo Temer e que visa implementar, até 2022, um novo modelo de ensino para as redes públicas e privadas, começa a ganhar forma no país. A proposta coloca o estudante como o protagonista da própria vida escolar e dos rumos que pretende dar à vida profissional. A reforma propõe que os jovens sigam uma formação que levam em consideração o currículo baseado na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A ideia é exemplificar os conhecimentos essenciais, competências e habilidades para cada etapa da educação básica.
Pela mudançla, serão oferecidas quatro áreas do conhecimento aos alunos: Matemáticas e suas Tecnologias; Linguagens e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; e Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Essa parte corresponderá a 60% da carga horária total. Os outros 40% poderão ser compostos pelos próprios alunos para aprofundar a formação técnica em uma ou mais áreas baseado nos próprios interesses e aptidões.
No modelo vigente no Brasil, o ensino médio busca somente capacitar estudantes a ingressarem na universidade, fazendo com que essa seja a principal expectativa em relação ao desenvolvimento profissional. No entanto, segundo Gustavo Leal, diretor de Operações do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), o problema é que nem 80% dos jovens ingressam no ensino superior e ainda por cima não saem das escolas preparados para o mercado de trabalho.
Entre outras coisas, a reformulação no ensino médio foi pensada para estancar a evasão e a queda nos índices de aprendizagem nessa etapa, considerada a mais desafiadora da educação básica, além de torná-la mais atrativa aos jovens.
“Acredito que é um grande avanço, pois vai permitir novas alternativas de formação aos nossos estudantes”, diz Maria Helena Guimarães, presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE). No entanto, o Ministério da Educação ainda precisa publicar o cronograma para definir a nova matriz de avaliação da BNCC, assim como as informações sobre o novo formato previsto para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que deve valer a partir de 2024.
Desafios
Professor por 13 anos na periferia de Goiânia, Wisley Pereira é hoje gerente-executivo de Educação Básica do Sesi. Segundo ele, uma das maiores “dores” do ensino médio era que os alunos não se sentiam pertencentes a esta etapa de ensino. “Parece que não tinha sido dialogado para eles”, diz. Ele entende que no novo modelo de ensino médio, com maior foco em habilidades específicas, cada aluno consegue desenvolver seus próprios talentos. “Temos que valorizar o estudante como empreendedor do seu próprio conhecimento”, conclui.
Na avaliação de Pereira, para promover mudanças efetivas no ensino médio, bem como com a juventude, é preciso investir em formação continuada dos professores, bem como capacitá-los diante da nova realidade curricular; aproveitar melhor a capacidade instalada no país, com parcerias entre instituições de ensino; avançar na adequação do Enem e outras avaliações externas; e por fim, reformular os materiais didáticos para que eles dialoguem com o novo modelo de ensino médio.
De forma inédita, o Senai/Sesi estão utilizando, desde o ano passado, um material escolar autoral, atendendo todas as etapas da educação básica, além do ensino de jovens e adultos. “São mais de 120 mil estudantes e oito mil professores”, comenta Pereira. O material didático ainda é inicial, pois após o primeiro ano de testes, ele será adaptado às mudanças propostas pelos professores. Atualmente, eles têm acesso a uma plataforma em que podem colocar comentários e fazer críticas para melhorar o conteúdo dos livros.
Pioneirismo
Atuando de forma piloto, o Serviço Social da Indústria (Sesi) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) formaram, em dezembro de 2020, 198 estudantes de cinco estados seguindo as orientação propostas pelo novo ensino médio. Iniciadas em 2018, as turmas foram pioneiras em um projeto educacional oferecido pelas instituições, que utilizam um modelo de 3 mil horas, conforme estabelece a lei, unindo o ensino regular à formação técnica e profissional, presente no itinerário cinco.
A ideia desse itinerário de formação técnica e profissional adotado no Sesi é preparar o aluno para os desafios atuais do mercado de trabalho, com competências ligadas à indústria do futuro, o que contribui para a maior empregabilidade dos jovens, o aumento da capacidade inovativa das empresas, a produtividade e a economia do país.
Na prática, a experiência do Sesi/Senai funcionou da seguinte forma:
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No primeiro ano, o aluno recebeu 800 horas de ensino regular, da BNCC, além de 200 horas dentro do itinerário cinco. Nesse primeiro momento, o estudante tomou conhecimento dos diferentes setores industriais, bem como das oportunidades oferecidas pelo mercado. A partir daí, com o auxílio de professores, ele pode mapear as próprias potencialidades e possibilidades de carreira.
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No segundo ano, o estudante teve 600 horas de BNCC e mais 400 horas do itinerário cinco. Diante da escolha da área de interesse, ele pode se aprofundar nas disciplinas relacionadas.
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Por fim, no terceiro ano, o aluno recebeu 400 horas de BNCC e outras 600 horas de formação profissionalizante. Ao encerrar o último ano do ensino médio, ele teve a oportunidade de escolher a especialização técnica que desejaria seguir.
O grande diferencial desse formato é que o concluinte recebe dois diplomas. Gustavo Leal, do Senais defende que o modelo cria uma série de oportunidades aos jovens. “Não é uma concorrência com a universidade. O jovem pode ingressar no mercado de trabalho ou optar por ir para o ensino superior”, explica.
Experiência do exterior
Levantamento realizado em 2020 pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aponta que o Brasil tem apenas 11% dos alunos do ensino médio na educação profissional e tecnológica, enquanto a média dos outros países pesquisados corresponde a 41%.
Segundo Ana Inoue, superintendente do Itaú Educação e Trabalho, durante décadas o país ainda não enxergou a educação profissional como algo estratégico no mercado. Segundo ela, apesar de haver ofertas pontuais, ainda não há a consolidação de modelos de governança que entendam o modelo como relevante.
Desafios
Professor por 13 anos na periferia de Goiânia, Wisley Pereira é hoje gerente-executivo de Educação Básica do Sesi. Segundo ele, uma das maiores “dores” do ensino médio era que os alunos não se sentiam pertencentes a esta etapa de ensino. “Parece que não tinha sido dialogado para eles”, diz. Ele entende que no novo modelo de ensino médio, com maior foco em habilidades específicas, cada aluno consegue desenvolver seus próprios talentos. “Temos que valorizar o estudante como empreendedor do seu próprio conhecimento”, conclui.
Na avaliação de Pereira, para promover mudanças efetivas no ensino médio, bem como com a juventude, é preciso investir em formação continuada dos professores, bem como capacitá-los diante da nova realidade curricular; aproveitar melhor a capacidade instalada no país, com parcerias entre instituições de ensino; avançar na adequação do Enem e outras avaliações externas; e por fim, reformular os materiais didáticos para que eles dialoguem com o novo modelo de ensino médio.
De forma inédita, o Senai/Sesi estão utilizando, desde o ano passado, um material escolar autoral, atendendo todas as etapas da educação básica, além do ensino de jovens e adultos. “São mais de 120 mil estudantes e oito mil professores”, comenta Pereira. O material didático ainda é inicial, pois após o primeiro ano de testes, ele será adaptado às mudanças propostas pelos professores. Atualmente, eles têm acesso a uma plataforma em que podem colocar comentários e fazer críticas para melhorar o conteúdo dos livros.
Pioneirismo
Atuando de forma piloto, o Serviço Social da Indústria (Sesi) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) formaram, em dezembro de 2020, 198 estudantes de cinco estados seguindo as orientação propostas pelo novo ensino médio. Iniciadas em 2018, as turmas foram pioneiras em um projeto educacional oferecido pelas instituições, que utilizam um modelo de 3 mil horas, conforme estabelece a lei, unindo o ensino regular à formação técnica e profissional, presente no itinerário cinco.
A ideia desse itinerário de formação técnica e profissional adotado no Sesi é preparar o aluno para os desafios atuais do mercado de trabalho, com competências ligadas à indústria do futuro, o que contribui para a maior empregabilidade dos jovens, o aumento da capacidade inovativa das empresas, a produtividade e a economia do país.
Na prática, a experiência do Sesi/Senai funcionou da seguinte forma:
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No primeiro ano, o aluno recebeu 800 horas de ensino regular, da BNCC, além de 200 horas dentro do itinerário cinco. Nesse primeiro momento, o estudante tomou conhecimento dos diferentes setores industriais, bem como das oportunidades oferecidas pelo mercado. A partir daí, com o auxílio de professores, ele pode mapear as próprias potencialidades e possibilidades de carreira.
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No segundo ano, o estudante teve 600 horas de BNCC e mais 400 horas do itinerário cinco. Diante da escolha da área de interesse, ele pode se aprofundar nas disciplinas relacionadas.
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Por fim, no terceiro ano, o aluno recebeu 400 horas de BNCC e outras 600 horas de formação profissionalizante. Ao encerrar o último ano do ensino médio, ele teve a oportunidade de escolher a especialização técnica que desejaria seguir.
O grande diferencial desse formato é que o concluinte recebe dois diplomas. Gustavo Leal, do Senais defende que o modelo cria uma série de oportunidades aos jovens. “Não é uma concorrência com a universidade. O jovem pode ingressar no mercado de trabalho ou optar por ir para o ensino superior”, explica.
Experiência do exterior
Levantamento realizado em 2020 pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) aponta que o Brasil tem apenas 11% dos alunos do ensino médio na educação profissional e tecnológica, enquanto a média dos outros países pesquisados corresponde a 41%.
Segundo Ana Inoue, superintendente do Itaú Educação e Trabalho, durante décadas o país ainda não enxergou a educação profissional como algo estratégico no mercado. Segundo ela, apesar de haver ofertas pontuais, ainda não há a consolidação de modelos de governança que entendam o modelo como relevante.
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