Uma gata com poucos meses de vida, que vive em Cuiabá se tornou o primeiro caso confirmado de um animal de estimação infectado pelo novo coronavírus no Brasil. A informação foi confirmada pela Secretaria de Saúde da capital mato-grossense. O caso ainda está sendo investigado pela UVZ (Unidade de Vigilância de Zoonoses) de Cuiabá.
Diante do caso, o Cievs (Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde) da cidade reforçou a importância de pessoas que tenham um diagnóstico positivo para a doença permaneçam isoladas também dos seus animais de estimação. Moema Blatt, gestora do Cievs, lembrou que os gatos podem manifestar a covid-19, mesmo que praticamente assintomáticos.
Além da gata, mais um gato e um cachorro da mesma família também estão sendo avaliados como possíveis contaminados. A contaminação de gatos tem sido recorrente desde os primeiros meses da pandemia. Ainda em abril, dois animais foram confirmados com diagnósticos positivos para a covid-19 nos Estados Unidos.
Em maio, um estudo divulgado na renomada publicação New England Journal of Medicine confirmou a suspeita de que o coronavírus é capaz de infectar gatos. A pesquisa também apontou que é provável a contaminação entre os animais, além das infecções provenientes de humanos. Não há nenhum estudo científico, no entanto, que comprove que animais possam transmitir o novo coronavírus para seres humanos.
NOTA DE ESCLARECIMENTO
Dada a recente informação de que uma gata de Cuiabá testou positivo para o coronavírus SARS-CoV-2, causador da COVID-19, o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Mato Grosso (CRMV-MT) destaca que não há evidências científicas de que animais de companhia são fonte de infecção para humanos.
A Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiram pareceres afirmando que não há evidências e estudos significativos comprovando que animais possam transmitir a Covid-19. Assim como não há evidência científica de que animais sejam vetores mecânicos ou possam carregar o vírus, ou que o vírus possa se replicar nos animais.
O que observa-se, desde o surgimento da pandemia, é que os poucos animais com a infecção podem ter sido infectados por humanos, por meio do contato direto, e não o inverso.
Em entrevista ao portal da Fiocruz, o médico-veterinário Paulo Abilio Varella Lisboa, pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict), da Fiocruz, relata que “Há evidências de que as infecções nos animais são geralmente resultado de um contato próximo de pessoas, tutores ou tratadores, infectadas com Covid-19. Mas há pouca ou nenhuma evidência de que os animais domésticos sejam facilmente infectados com SARS-CoV-2. E, considerando que a população mundial de cães e gatos está em torno de 2 bilhões, o número de animais infectados representa menos de 0,001% do total e, por isso, não representa nenhum risco potencial de transmissão para outros animais ou pessoas.”
O Conselho entende que, neste momento, não há nenhuma necessidade de alteração nos cuidados em relação à saúde dos animais de estimação (cães e gatos). A orientação é que os tutores mantenham a alimentação balanceada, água fresca abundante, os calendários de vacinação e a higiene (banho e tosa). Sendo assim, não existe necessidade de medo ou pânico com relação aos gatos e cães desenvolverem ou transmitirem o coronavírus que infecta os humanos. E em caso de emergência médica procurar um profissional médico-veterinário.
O CRMV-MT reforça que em vez de perigo, os animais domésticos podem ser muito benéficos para a saúde, existem evidências científicas de que gatos e cães melhoram e enriquecem a vida e a saúde das pessoas. Além disso, eles podem ser de grande apoio psicológico para as famílias, reduzindo os níveis de estresse, algo de grande apoio em momentos de distanciamento social.
Pesquisa – A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) faz parte de um estudo multicêntrico para a vigilância de SARS-CoV-2, financiada pelo CNPq, liderada pelo professor doutor Alexander Biondo da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O estudo em animais de companhia com interface a Saúde Única é intitulado Pet COVID19.
A professora doutora da UFMT médica-veterinária Valéria Dutra integra o grupo de pesquisa, ela explica que alguns pets de tutores com Covid-19 que estavam em contato próximo durante a infecção foram testados.
“Um gato foi testado positivo para SARS-CoV-2, o material deste animal será enviado para dois laboratórios, um no Paraná e outro em Minas Gerais, para confirmação do diagnóstico e possível detecção de anticorpos, por meio da sorologia. Considerando que já existem artigos publicados na literatura com infecções em animais e que precisamos de estudos aprofundados para melhor conhecimento da Covid-19 em cães e gatos, há um longo caminho ainda a percorrer com esses estudos”, relata a médica-veterinária.
*Via Uol, CRMV MT
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